Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

O ódio


26/09/2015

Foto: autor desconhecido.

 

Não existe sentimento mais negativo na alma humana do que o ódio. Ele nasce a partir de emoções pessoais como antipatia, inimizade, raiva, desgosto, repulsa. Portanto, em sendo algo que brota de paixões perde racionalidade, e por isso estraga a sensibilidade do coração. O ódio e o amor são correlatos. Você passa a odiar algo por se apaixonar por um objeto desejado, e que está sendo obstaculada a sua possibilidade de alcance.

Na manifestação do ódio se parte para a rejeição e o ataque. E o que é pior, desconsideram-se laços de amizade, parentesco, ou qualquer outra afinidade. No propósito de destruir ou evitar o objeto do seu ódio, o ser humano é conduzido por uma forte emoção que despreza a tranquilidade no pensar e no agir.

Tão mal quanto o ódio de origem pessoal, é o que vem articulado para torná-lo força política. O seu uso como instrumento de formação de pensamento coletivo. As massas não raciocinam, elas se movimentam ou se posicionam na conformidade do envolvimento emotivo a que são provocadas. O ódio político apaga o “eu”, porque fica dominado pelo contágio de expressões manipuladoras de consciências.

A história da humanidade é pródiga em eventos que se tornaram célebres por atrocidades, calamidades, truculências, protagonizados pelo ódio político disseminado entre os povos. E, com certeza, em todos os discursos que seduziram populações a se engajarem nesses acontecimentos foram feitos em nome do “amor”. O ódio político faz com que as pessoas não se preocupem com possíveis enganos ou o fato de circunstancialmente estarem sendo utilizadas como massa de manobra. Simplesmente se apaixonam pela causa, e assim admitem comportarem-se muitas vezes movidos pela raiva, desde que seus objetivos sejam atingidos.

A prevalência do clima de ódio inibe o debate de ideias e o confronto respeitoso das questões que interessem a sociedade. O ódio político cega. Mais do que isso, anula a aptidão para formar um juízo, independente de pressões externas, sobre a conjuntura política em que necessariamente o cidadão esteja envolvido.

• Integra a série de crônicas “SENTIMENTOS, EMOÇÕES E ATITUDES”.

 


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