Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

1978 – O ano dos três Papas


24/09/2015

Foto: autor desconhecido.

 

Integrando uma família católica acompanhei com muito interesse os acontecimentos em 1978 que fizeram com que se tornasse o “ano dos três Papas”. A última vez que a Igreja Católica Apostólica Romana teve três Papas num mesmo ano foi em 1605.

Na noite do domingo seis de agosto, o mundo tomava conhecimento de que Paulo VI havia falecido, vítima de um ataque cardíaco. A partir de então a expectativa de quem o sucederia. O conclave para a eleição do novo Papa aconteceu em vinte e seis de agosto. E o próprio escolhido se surpreendeu com a preferência pelo seu nome. A fumaça branca anunciava “habemus papa”, João Paulo I era o novo pontífice. Tinha apenas 56 anos de idade, portanto muito novo, o que fazia com que se esperasse um período duradouro do seu papado.

O cardeal Luciani relutou em aceitar a missão que o colégio de cardeais lhe conferia. Após muita insistência teria dito na confirmação de que admitia a indicação: “Deus os perdoe pelo que fizeram”.

Assumia com a proposta de promover reformas e revisão de conceitos na Igreja Católica. Se dispôs, inclusive, a fazer uma devassa no Banco Ambrosiano, que vinha sendo alvo de denúncias de corrupção. Isso contrariou os poderosos do Vaticano. Fugia então do histórico padrão conservador das posturas papais dos seus antecessores. Apesar do seu pouco tempo de pontificado ficou conhecido como o “Papa Sorriso”.

No dia vinte e oito de setembro recebemos a notícia que impactou o mundo, pegando a todos de surpresa e deixando atônita a comunidade católica do mundo inteiro. João Paulo I fora encontrado morto, trinta e três dias depois de sua posse. Foi o bastante para que surgissem várias teorias de conspiração. Um fato merece ser considerado, nunca fizeram a autópsia no seu corpo, o que deixou o mistério da sua morte sem ser desvendado até hoje. Pairavam suspeitas de assassinato, provavelmente a mando de pessoas que tinham seus interesses contrariados.

Surgia a necessidade de um novo conclave para que outro Papa fosse eleito. Isso aconteceu em dezesseis de outubro, data em que a Igreja Católica conhecia o seu terceiro Papa em um só ano. João Paulo II esse o nome que o cardeal Karol Wojtyla havia escolhido. Seu papado durou até 2005.

Nos dois conclaves, os papas eleitos votaram no Cardeal brasileiro Aloisio Lorscheider, porque entendiam que era chegada a hora da Igreja ter um pontífice do Terceiro Mundo.

Observando a forma de atuar do Papa Francisco não há como fugir da comparação com João Paulo I. Pena que não permitiram que pusesse em prática suas idéias reformistas, que se presumia muito parecidas com as defendidas pelo atual Pontifíce. Queira Deus que este tenha vida longa.

• Integra a série de textos “INVENTÁRIO DO TEMPO II”.


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