Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

A convenção da ARENA (Parte 2)


23/09/2015

Foto: autor desconhecido.

 

Ao ser encerrada a votação, João Agripino sugeriu ao presidente dos trabalhos que promovesse a evacuação das galerias, permitindo a presença apenas dos convencionais durante o processo de apuração, no que foi atendido. O público ficou ansiosamente esperando o resultado na Praça João Pessoa.

Predominava o nervosismo natural em qualquer momento que anteceda à contagem de votos de uma eleição. Mas os partidários das duas chapas faziam contas que prenunciavam a vitória dos seus respectivos candidatos. Embora na certeza de que o vencedor obteria uma pequena vantagem de votos sobre o adversário.

A Comissão Apuradora, composta por Teotônio Neto, Álvaro Gaudêncio e Américo Maia, presidida pelo primeiro, iniciou a abertura das cédulas exatamente às dezessete e trinta horas, sob os olhares atentos dos que participavam da convenção.

Quarenta e cinco minutos depois era proclamado o resultado, apontando a vitória dos governistas. Para governador e vice, Burity e Clóvis Bezerra tiveram 152 votos, enquanto Mariz e Valdir dos Santos Lima contaram com 124 sufrágios. Confirmou-se então a expectativa de que seria apertada a disputa. Para o senado, Milton Cabral obteve 162 votos, contra 111 dados a Ernani Sátiro. Conforme acertado previamente, o perdedor seria o primeiro suplente. Para a segunda suplência, por acordo entre as duas partes, foi escolhido Mauricio Brasilino Leite, em razão da desistência de Juracy Palhano.

Já como vencedor, Tarcisio Burity fez um pronunciamento que não condizia com o discurso de apresentação na convenção, quando pregou a união dos arenistas e a superação das eventuais divergências. “O que o partido precisa, mais uma vez, é que essa facção reconheça finalmente que perdeu. A nossa vitória exprimiu a vontade popular por intermédio daqueles que formam as representações arenistas no Senado, na Câmara Federal, na Assembléia, nas Câmaras Municipais e nos diretórios. A essência da democracia admite um sistema que observe tanto eleições diretas, quanto indiretas, pois em países da Europa, como a Suiça, a maioria dos cargos públicos são obtidos por esse sistema”.

Surpreendeu a falta de humildade na consagração e a provocação aos derrotados, assim como a defesa de um processo eleitoral que subtraia do povo o direito de escolher seus dirigentes. Em vez de contribuir com a união da legenda, concorreu para acirrar a desarmonia partidária. E foi o que se viu durante toda a campanha eleitoral, com a derrota de Ivan Bichara para senador.

• Integra a série de textos “INVENTÁRIO DO TEMPO II”.


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