Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

A convenção da ARENA (I)


22/09/2015

Foto: autor desconhecido.

 

Após o registro da chapa de Mariz, a Paraíba viveu três dias de grande efervescência política. Cada grupo indo em busca da conquista de votos dos convencionais. Os dois lados contabilizavam números que animavam as perspectivas de vitória. A população acompanhava essa movimentação assumindo suas preferências.

As disputas eram entre Burity e Mariz para governador, Clóvis Bezerra e Valdir dos Santos Lima para vice e Milton Cabral e Ernani Sátiro para senador biônico.

No dia quatro de junho, desde as sete da manhã a Praça João Pessoa começava a tomar um grande público. Os partidários de Mariz eram visivelmente em maior quantidade e bem mais barulhentos. Antes de iniciados os discursos no plenário da Assembléia Legislativa, onde se realizaria a Convenção, ocuparam o parlatório que fica na frente do prédio e ali improvisaram um comício. Parlamentares e lideranças municipais se revezavam nos pronunciamentos em defesa da chapa de contestação liderada por Mariz. Até Mocidade fez uso da palavra, assim se expressando: “Mais uma vez assaltam a soberania da Paraíba. Esta praça é do povo e eu estou acostumado a falar na praça do guardião da democracia que foi o presidente João Pessoa e o faço agora em defesa do nome de Mariz”.

Por volta das dez horas proibiram aquelas manifestações na tribuna da praça. O público ocupou as galerias para ouvir os oradores daquela festa cívica. Em sendo maioria, os marizistas vaiavam os adversários e aplaudiam os correligionários. O único orador dentre os governistas ouvido em silêncio foi Tarcisio Burity, em razão do apelo feito por João Agripino no sentido de que o escutassem com respeito.

Sendo o primeiro a discursar, João Agripino iniciou dizendo: “Eu não ensinei a Paraíba a ser rebelde. Porque esse comportamento, eu proclamo, foi João Pessoa quem ministrou. Compreendo as reações. Apenas eu lhes peço para provarmos que somos um povo bravo, mas educado politicamente. Somos da ARENA e queremos Mariz candidato a governador por nosso partido. Contamos com vocês”.

Os dois candidatos ao governo assim se dirigiram aos convencionais. Tarcisio Burity: “Vou colocar os interesses do povo acima dos pessoais. Sigam-me, portanto, todos aqueles que desejam a paz, a união, a tranqüilidade, o trabalho e o progresso em benefício da Paraíba e do Brasil”. Antônio Mariz: “A Paraiba não admite medo. E o povo é senhor de sua história. Quando o povo grita que eu sou o “governador do povo”, está afirmando uma verdade. Os convencionais da ARENA são uma expressão do povo. Eles trazem para aqui a voz de todos os municípios paraibanos e aqui reunidos farão a vontade desse povo e por isso nos darão a vitória”.

Exatamente às quatorze horas começou o processo de votação, que durou até as dezessete horas, quando então as duas urnas coletoras de votos foram lacradas e entregues à Comissão Apuradora para contagem das cédulas ali depositadas e consequente conhecimento do resultado da histórica convenção.

• Integra a série de textos “INVENTÁRIO DO TEMPO II”.


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