O turista que visita João Pessoa procura sempre no roteiro de observação do nosso patrimônio cultural, conhecer o antigo Hotel Globo, localizado na Praça São Frei Pedro Gonçalves. Lamentavelmente está interditado desde setembro de 2013, em razão do desmoronamento do seu muro de arrimo e de parte do terraço, o que vem sendo objeto de recuperação pelo Governo do Estado.

Aguarda-se a conclusão dessa obra para que seja executado o projeto de sua restauração pela Prefeitura Municipal de João Pessoa, por cessão de uso do governo estadual. Está incluído no plano de revitalização do Centro Histórico da Capital, aprovado e financiado pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, no qual o prefeito Luciano Cartaxo tem colocado como uma das prioridades de sua administração.

Em 1973, numa festa com coquetel e feijoada, o hoteleiro Aguinaldo Siqueira, filho de Seu Marinheiro, o responsável por sua construção em 1928, após algum tempo desativado como hospedaria, reabriu suas portas com o hotel devidamente reformulado. Foi o primeiro equipamento hoteleiro de bom nível construído na Paraíba, sendo ponto de encontro da sociedade da época, onde se realizavam bailes e banquetes promovidos pelo Governo do Estado. Ali se hospedaram personalidades como Ernesto Geisel, quando residiu em João Pessoa, Gratuliano de Brito, o casal de atores Procópio e Bibi Ferreira e Tônia Carrero. Nos anos cinqüenta funcionou muito mais como um bar de freqüência dos boêmios da cidade.

Foi tombado pelo IPHAEP – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba em 1978. Recebeu suas primeiras ações de restauração em 1994, com recursos provenientes de um convênio firmado com o governo da Espanha. Até o momento de sua interdição, no seu prédio se instalavam a Oficina Escola de João Pessoa, a Comissão do Centro Histórico e a sub-secretaria de Cultura do governo do Estado.

Tenho tido o privilégio de participar, ao lado de Fernando Milanez Neto, coordenador do patrimônio cultural de João Pessoa, dos trabalhos que projetam a sua devolução à cidade, graças à vontade política do atual prefeito, e antevejo, com muito entusiasmo, aquele monumento da nossa história voltando a ser atração turística e espaço para eventos culturais, sem falar na oportunidade que, de novo, nos será oferecida para desfrutarmos da beleza do por-do-sol visto do terraço que vislumbra a paisagem das margens do Rio Sanhauá, local de origem da nossa cidade.

• Integra a série de textos “INVENTÁRIO DO TEMPO II”.