Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

O “Ponto de Cem Réis”


13/07/2015

Foto: autor desconhecido.

 

A Praça Vidal de Negreiros, localizada no centro de João Pessoa, nunca deixou de ser conhecida como O “Ponto de Cem Réis. Ganhou esse apelido popular em razão de ser ali o local da parada final das linhas de bondes que serviam a população na época em que a praça foi construída. Era o centro de convergência social da cidade. Nela, quando inaugurada em 1924, tinha dois pavilhões onde funcionavam café, sorveteria, bomboniere, floricultura e serviço de engraxates.

Em17 de julho de 1970, o então prefeito Damásio Franca, numa festa que contou com a presença de uma verdadeira multidão, inaugurou o viaduto que receberia seu nome, sendo a primeira intervenção física promovida naquele espaço público. Os pavilhões foram demolidos e a praça de taxi foi retirada do local e transferida para a Praça 1817. Embora os historiadores reclamassem da indiferença do poder público para com a preservação do seu patrimônio histórico, a população, de certa forma, aplaudiu a iniciativa, enxergando no viaduto um símbolo da modernidade. O prefeito justificou a obra como necessária em razão do crescente fluxo de veículos transitando entre a Cidade Baixa e o Parque Solon de Lucena. Era preciso, portanto, promover uma adequação do sistema viário no centro da capital.

Permaneceu intacto, sem qualquer alteração na sua estrutura física, o Parahyba Palace Hotel, prédio construído em 1929, e onde, por muito tempo, funcionaram a Sorveteria Canadá e a Boate Haway, lugares freqüentados por políticos, empresários e jornalistas paraibanos.

Na condição de pessoense de coração, me fiz presente à festa de inauguração, comungando do sentimento de orgulho dos que moravam em João Pessoa, ao ver construído o primeiro viaduto do Estado.

Em 2009 esse espaço público voltou a ser um ambiente propício para concentrações populares e shows artísticos, readquirindo sua função social de convergência da população. Voltou a ser uma praça, ainda que nunca tenha perdido o apelido de origem: Ponto de Cem Réis.

• Integra a série de textos “INVENTÁRIO DO TEMPO II”.


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