Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

Pelé, na Paraibafoi também goleiro


04/07/2015

Foto: autor desconhecido.

 

Havia uma expectativa muito grande, em todo o mundo, com relação ao milésimo gol de Pelé, o rei do futebol. Exatamente nesse clima o Santos,time em que ele jogava, confirmou presença num amistoso com o Botafogo da Paraíba, na festa de reabertura do Estádio Olímpico José Américo de Almeida, onde hoje funciona a Vila Olímpica, antigo Dede.

Os paraibanos, entre os quais eu me incluía, estavam ansiosos pela oportunidade de ver jogar o mais famoso futebolista do nosso país, admirado em todo o planeta. Claro, que ninguém de bom senso acreditava que o gol de número mil seria aqui na nossa província. O palco era muito pequeno para tão extraordinário espetáculo. Ele já tinha contabilizado a marca de 998 gols.

Saí do banco diretamente para o estádio. O lance de arquibancada comportava a presença de aproximadamente três mil pessoas sentadas. Porém o grande número de público, que compareceu à nossa acanhada praça de esportes, excedeu sua lotação. Portanto, fiquei no alambrado, em pé

Não fugindo da normalidade em qualquer evento oficial de inauguração, o jogo começou com um atraso de meia hora, em razão das cerimônias que o antecederam. O pontapé inicial da partida foi dado pelo Governador João Agripino.

No Santos, além de Pelé, figuravam estrelas de primeira grandeza do futebol brasileiro, entre os quais: Carlos Alberto, Djalma Dias, Clodoaldo. Na equipe paraibana, alguns desfalques do seu time titular. Há quem diga que propositadamente, para fragilizar ainda mais a equipe do Botafogo, e assim facilitar a consecução do milésimo gol de Pelé. No “Belo” jogava um colega do Paraiban, Dissor, meu conterrâneo de Patos.

Com pouco tempo de bola rolando o Santos chegou aos dois a zero, mas nada de gol de Pelé. Aos treze minutos do segundo tempo, o juiz marca um pênalti contra o Botafogo. O rei do futebol não queria bater, mas foi pressionado pelos torcedores a fazê-lo. Estava ali consignado o gol de número 999, ainda que muita gente defenda que teria sido o milésimo.

Começou a preocupação para o próprio Pelé. Ele quase não procurava a bola. Até que aos trinta e cinco minutos, o goleiro Jair Estevão simulou uma contusão. Como o Santos já havia feito as três substituições permitidas, o técnico decidiu colocar Pelé na posição de goleiro. Se não testemunhamos o milésimo gol, assistimos algo que pouca gente viu: Pelé jogar de goleiro.

De qualquer forma a festa, do dia 14 de novembro de 1969, foi inesquecível. O placar do jogo era o que menos importava naquele espetáculo desportivo. A grande motivação de interesse na partida era o milésimo gol, que só veio a acontecer, também na cobrança de pênalti, no Maracanã, contra o Vasco, cinco dias depois.

• Integra a série de textos “INVENTÁRIO DO TEMPO II”.


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