Rui Leitão

Jornalista e escritor.

Geral

O “Cassion da Lagoa”


30/06/2015

Foto: autor desconhecido.

 

Após o AI5, o sistema fez o possível para desestabilizar qualquer organização estudantil. Estavam proibidas as reuniões de cunho político. Uma das primeiras providências foi desativar o Restaurante Universitário que funcionava no Cassino da Lagoa. Não permitiriam que aquele local continuasse a ser ponto de encontro dos estudantes.

O espaço foi cedido ao empresário Domingos Monteiro, dono da Churrascaria Bambu, que decidiu ali instalar um elegante restaurante. Sua inauguração ocorreu em junho de 1969, em evento que contou com a presença do prefeito da cidade, Damásio Franca, com bênçãos do Monsenhor José Coutinho. A animação da inauguração do restaurante ficou por conta da banda “Os Diplomatas”.

Até hoje o Cassino da Lagoa funciona como restaurante, sendo ponto de encontro de políticos, jornalistas, advogados e intelectuais, no horário do almoço. É, sem dúvidas, um do mais agradáveis ambientes da gastronomia pessoense, não só pelo cardápio oferecido, mas, principalmente, pela beleza da paisagem que é oferecida aos comensais.

O Cassino da Lagoa foi palco de grandes acontecimentos da história política paraibana. Serviu de palanque para os grandes comícios de encerramento das campanhas eleitorais. Lá discursaram grandes oradores, da Paraíba e do Brasil. Foi também “quartel general” das assembléias estudantis, especialmente enquanto sediava o Clube Universitário.

Construído em 1940, num projeto de reurbanização do parque Solon de Lucena, originalmente conhecido como “Lagoa dos Irerês”, idealizado por Argemiro de Figueiredo e de autoria do engenheiro-arquiteto pernambucano João Correa Lima, o Cassino, em princípio chamava-se “Cassino de Verão”. Nunca consegui descobrir o motivo dessa denominação.

Sempre que vou ao Cassino fico imaginando os acontecimentos da nossa história que naquele local ocorreram. Seria interessante que seus proprietários atuais providenciassem uma galeria de fotos, registrando a sua importância como cenário de importantes fatos da história paraibana.

• Integra a série de textos “INVENTÁRIO DO TEMPO II”.


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