Rômulo Polari

Professor e ex-reitor da UFPB.

Geral

Efeitos da crise na economia paraibana


24/11/2017

Foto: autor desconhecido.

O IBGE publicou as Contas Regionais mais recentes do Brasil. Os resultados demonstram que a crise de 2015 afetou as economias das 27 unidades da Federação. As menores taxas de redução do PIB foram de -0,3% a -0,4%, em Roraima, Mato Grosso do Sul e Tocantins, e as maiores, de -4,6% a -5,5%, no Paraná, Amazonas e Amapá.

A taxa de variação do PIB do Brasil saiu de 0,5% em 2014 para -3,5% em 2015. Em termos regionais, o choque regressivo maior foi no Nordeste; a variação do seu PIB caiu de 2,8% para -3,4%. O ritmo expansivo do PIB da Paraíba sofreu impacto adverso semelhante ao cair de 2,9% para -2,7%.

De 2002 a 2015, a economia paraibana teve um bom desempenho no contexto nordestino. O crescimento do seu PIB (68%) foi inferior apenas aos do Maranhão (77%) e Piauí (84%). O PIB regional cresceu 54% e o nacional 45%. Mas o PIB da Paraíba continuou sendo o quarto menor da região, e a sua renda per capita a quarta menor.

Os dados do IBGE deixam claro que o avanço da economia da Paraíba na busca de posições perdidas foi mais bem-sucedido no quinquênio 2011-2015. Nesse período, o seu PIB cresceu 16,5%, o do Maranhão 14,6% e do R.G.do Norte 10,3%. O PIB do Nordeste cresceu 9,7% e o do Brasil 5,9%.

Em 1995, o PIB da Paraíba era o quarto maior entre os estados nordestinos, abaixo dos da Bahia, Pernambuco e Ceará. Depois foi regredindo e, em 2004, na sexta posição, equivalia a 70% do PIB do Maranhão e a 96% do PIB do R.G. do Norte. Em 2015 essas dimensões relativas aumentaram para, respectivamente, 72% e 98%.

A economia da Paraíba precisa superar a sua debilidade estrutural. Os seus setores agropecuário e industrial geram apenas 20% do seu PIB. Os 80% restantes vêm do setor de serviços, que é um imenso conjunto em grande parte formado por atividades arcaicas e improdutivas absorvedoras de subemprego e desemprego disfarçado.

Nesse setor terciário, o subsetor de atividades e ações públicas gera 34% do PIB paraibano. No Nordeste esse peso é de 24%, em média, e no Brasil 18%. Isso torna a Paraíba muito dependente dos investimentos e gastos governamentais. Mas é alentador saber que a Paraíba criou importantes condições básicas para o seu desenvolvimento.

Nos anos 2008-2012, houve a maior expansão e modernização acadêmica da história das universidades paraibanas (UFPB, UFCG, IFPB e UEPB). Implantou-se uma enorme capacidade de formação de recursos humanos de alta qualificação e geração e difusão de ciência e tecnologia. De 2011 a 2017, a Paraíba avançou muito na adequação, regularização e suficiência de recursos hídricos e estradas pavimentadas.

Cabe à sociedade paraibana saber usar essas vantagens comparativas arduamente conquistadas. Os seus dirigentes e elites políticas, empresariais, trabalhistas e intelectuais têm um papel essencial no aproveitamento desse manancial técnico-científico e de capital humano e recursos básicos em prol da prosperidade estadual.

A partir das condições favoráveis atuais, as ações de governo para o desenvolvimento da Paraíba devem ter políticas modernas e eficientes com os seguintes focos: a) expansão, inovação e reestruturação produtiva das atividades agropecuárias, industriais e da cadeia turística e b) universalização e qualidade da educação básica.
 


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