Ana Adelaide

Professora doutora pela UFPB.

Geral

Crônicas de Nova York


31/03/2015

Foto: autor desconhecido.

 Para Claude, minha querida irmã e companheira de viagem

Tinha Tudo para dar errado. Dólar em alta. O inverno fincava em não ir embora e as temperaturas baixas. Enfim… Não tinha como adiar e fomos. Viver 9 dias na Big Apple. Antes, haja pesquisa: passeios, pechinchas, sightseeing, o blog do Ricardo Freire, Didi Wagner, Pedro Andrade, li Martha Medeiros ( Um lugar na Janela), as blogueiras com mil dicas de maquiagem mais os programas das amigas: obrigada Inger, Anne Marie, Heloisa Maia, Genilda Azeredo, Tereza Tavares. Meu caderninho já estava confuso de tantos itinerários! E afinal para que eu quero um primer? Dez sombras nude? Máscaras tantas? BBCreams? E tantos shampoos??

Neon Neon Neon – Chegada e marcar território. O hotel ao lado da Macy´s a maior loja de departamento do mundo. Zonza. Perdida. Não sei comprar nada assim. Todas as marcas. Consumo. Vinho e brindes. Chegamos! Mas não resistimos e andamos mais 3 quadras e estávamos em Times Square!! Uma celebração. Uma esquina do mundo. E as lojas todas abertas até uma da manhã. E aproveitamos. H & M! Rayban! E Forever 21, uma loja para os de 21….e nós tínhamos!! Bien sur! E todos os serviçais dessa cidade são latinos ou orientais. Sotaques e hablo spañol ! Eu também faço parte das coisas belas e sujas!

O choro do mundo – Dia lindo. Gelado. Céu azul . Visão panorâmica. ônibus Double deck . Rodar a cidade. Ouvimos falar dos Beatnicks quando passamos por Washington Square e os quarteirões do Greenwich Village. Haja prédios com escadinhas externas. A estátua da Liberdade nos acenava. A ponte. As Pontes. Manhattan e Brooklin. Anne Hall e Manhattan e Woody Allen cantarolavam New York New York. Saltamos no Memorial do 11 de Setembro e revivemos o choro do mundo. O monumento dos dois grandes fossos. Lágrimas. Silêncio. Pret-a-Manger uma rede de lanchonetes que tem muita comida orgânica. Zan zar nas lojas Century 21, uma loja de departamento/ Outlet – paralisada e de mãos vazias.

Num quarteirão do bairro do Soho (South of Houston), lugar adotado pelos artistas na década de 70 e onde inventaram o conceito de “loft”, está a loja brasileira Osklen. Uma Visita à Heloisa Maia, sua diretora charmosa que tem um pé em João Pessoa e outro no mundo. Antes passeamos pela Channel, Stella MaCartney, e outras joias do consumo. No Balthazar. Uma truta com espinafre, please! Renata Ceribelli, correspondente da Globo, foi junto, e não conseguimos fazer dieta alguma. Mas , muito gentil, atualizamos papos sobre Nova York, ser turista normal, e o que achávamos da experiência.

Cena de Cinema – Chovia em Nova York. Dia bom para visitar Museus. Fomos ao Moma. Bjork estava lá com sua exposição. Não sei explicar a emoção de ver de perto A Dança de Matisse. Frida Kahlo, Les Demoiselles d´Avignon de Picasso, e uma exposição especial de Toulouse Lautrec. No caminho, a Magnólia Backery e o filme Sex and the City e o Le Pain Cotidien; um chá de limão com gengibre. E nem estava gripada! Ainda passeamos pela Macy´s – todo dia ela faz tudo sempre igual! Procura-se casacos! De todo tipo. Toda cor. Todo preço! Calvin Klein. Donna Karan. Michael Kors. E eu já nem sabia para qual inverno eu ia???

E eis-me na Grande Central Station. E me vi em todos os filmes da vida. Que cenário!! Com a torre do Edifício Chrysler ao fundo. Por onde anda meu Humphrey Boggart? Mas eu não tinha um trench coat! Um ticket please! Tin Tin no Oyster Bar, com ostras gratinadas e um sword fish com sangria. Uma cena of my own!

O piano que veio do frio – West e East Village. O bairro ainda dormia. E o motorista de taxi não entendia bem o que íamos fazer ali. Uma outsider on the Road! Praça Washington Square e uma paisagem de inverno plácida e gelada. Mas lá estava um piano com cauda. E um pianista sem telhado, tocava . E alguns corajosos assistiam. Eu e Claude também. E nos emocionávamos. Andar a esmo pela 5ª Avenida número 1. E alguns prédios da NY University. Coração de estudante me batia!

Procura-se pelo High Line Park – o elevado abandonado e virou parque comprido e suspenso, numa antiga linha de trem. Por conta do frio, andamos um pouco e descemos no Meatpacking Disctrict, um bairro que atraiu boutiques de designers de vanguarda, hotéis e restaurantes charmosos: E Mrs. Dalloway disse que ela mesma compraria as flores! Passamos numa loja – Anthropology (para que eu quisesse ter dólares…), e na loja da Apple e seu cubo cibernético. Chelsea Market. Queria comer todas as lagostas da Lobster Center; todos os temperos do Oriente; todas as guloseimas do globo terrestre. Um consolo com consumé dessa iguaria. E fiquei a pensar nas re-construções e re-arrumações que essa cidade teve que fazer. Se adequar ao mundo moderno. Estamos tão atrasados por aqui! Uma referência à minha cidade. Em como não temos nada daquilo e também de como é difícil mudar uma mentalidade.

Tinha um rio no meio do caminho….Hudson River Park – gelado, mas hipnótico. Que paisagem! Vazio. Uma pessoa passava correndo. Outra com seu cachorro. Uma mãe empurrava um carrinho com um bebê todo trouxinha de lã. Embevecia-nos em ouvir as gaivotas.

Minha mochila pesava de tantos cartões de arte que já comprara…justo eu que havia prometido a mim mesma que, nem mais um!!

O Empire State nos espiava. Mas o Chrysler era tão lindo tão lindo que, no quarto do hotel tinha um quadro kitsch com uma pintura sua. Brilhante. I Love New York!

Imagine – Perambular pela 5ª Avenida e todas as Dolce Gabana nos acenava! Acendi uma vela em St. Patrick Cathedral e entramos na National Library. Quase estudei! Mas a lojinha do térreo me fez esquecer o preço do dólar. Uma bolsinha do Grande Gatsby, camiseta de Laranja Mecânica e Sherlock para os filhos. Finally o Central Park! E lá, não tinha vista que coubesse de tanta beleza invernal. Imagine all the people. Uma oração para John. O Dakota. E o mosaico Strawberry Fields Forever. Um moço cantarolava Girl….e por entre folhas, acordes e solfejos, nos ajoelhávamos diante da saudade do Beatle.

Era o dia de Saint Patrick – o padroeiro da Irlanda. E nesse dia é feriado nos colégios e tem uma parada. Nova York se veste de verde e de trevos. E bebe-se! Uma farra pelas streets e avenues. No Carmine´s e ouvimos Billy Holliday. E tomamos vinho.

A Ponte e Eu – procurava pela ponte. Queria tirar uma foto como no filme. O Brooklyn. Livrarias bárbaras. E um Brooklyn Promenade e uma janela para o céu. Do outro lado dos arranha céus eu me arranhei a vista. Queria ficar ali por muito tempo. Contemplando a cidade. Fazia frio. E depois de muitas fotos , de muito olhar o rio, as balsas, a liberdade em estátua, entramos no Shake Shack para um hot dog no capricho.

Voltamos à pé. Atravessando aquela ponte do final do século 18, com Nova York aos meus pés. Tudo era grandioso demais para minhas lentes. Do lado de lá, garotos dançavam rap. E perdemos o show de Gospell aos domingos no B.B. King…what a pity! E o Rockfeller Center não tem só patinação no gelo. Perdi seu por-do- sol das alturas. Não gosto de subir….gosto das coisas planas. Térreas.

Blues no Blue Note. E dançamos sentadas Stand by me!

A Festa de Babette – Foi para passear no Soho/Nolita, tudo junto e misturado, e almoçar no Café Gitano, e comer um cuscuz marroquino. Heloisa Maia nos mostrava uns lugares charmosos. Entramos num especial de produtos para cabelos. E não comprei um friso!! Cabelo-cabeleira, saí dançando pelas calçadas até encontrar a loja Pearl…., queria falar chinês! E comprar sedas e quimonos. Depois , de tanto MAC, Shiseido, Gap, Bloomingdale, Shepora, ,,,cansei! Mas antes, visitei a loja da Prada, como quem vai a um Museu de Arte. E é. Fizemos degustação do Dean & De Luca. Amêndoas ! azeites! Especiarias! E em cada balcão…uma mordida na minha gula perdida. To eat no Eatly!!

Hot dog e Blues – Metropolitan. Nas escadas multiculturais, sentamos e ouvimos um negão de New Orleans cantando blues. Eu e a brisa. E o som desse americano que não estava em Paris. Gerswhin, Huckleberry Finn era eu, comendo hot dog ao lado da moça dos cabelos verdes….Lá dentro, na lojinha, comecei a ficar zonza com Afrodite, Artemis, Zeus, Eros e todo o mundo Helenístico. No Egito vi todas as tumbas e toda a beleza de morrer. Um terraço com vista para o Central Park. No café, já não sabia mais se era almoço ou jantar???

Mama Mia na Broadway, eu vi! E enquanto Jantava no Oliver Garden (restaurante Popular na Times Square),os sinais luminosos da Nasdaq me mostravam que gastasse pouco!! Mamma Mia….Meryl Streep sou eu!! Sentei-me nas escadarias vermelhas e pensei: A liberdade não é azul!! E cada vez mais me certifico de que o melhor lugar do mundo é a Rua! Bryant Park!

Despedidas e agonias – A previsão do tempo tinhas estrelinhas. Neve. A cidade ficava branca. De repente não mais que de repente… Perdi o passaporte. Fui me estressar no Consulado Brasileiro. Nevava muito. Taxi Taxi. Uma foto horrível. Uma declaração de viagem. Fome. Um voo atrasado 4 horas. Uma viagem dormindo. Uma perda de conexão. Uma chegada em casa.

New York New York – Cantei! Sinatra faz 100 anos. Lennon imaginava. E eu sonhei e acordei. Cheguei!

Ana Adelaide Peixoto

João Pessoa, 26 de março, 2015


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