Geral

DE CARUARU PARA O MUNDO


08/11/2003



Quando vou a algum lugar, procuro logo por seus mercados, feiras, arte popular e seu artesanato. Perco todo e qualquer senso de economia e já troquei muito, o dinheiro do sandwich por alguma peça, ou um recuerdo do fazer daquele povo. Aprendi esse gosto desde muito mocinha, quando das minhas idas aos quatro cantos de Olinda, na Nega Fulo, com Flávio Tavares e D. Silvia, descobrindo as artes, os artistas, e as belezas do que as mãos são capazes de tecer, bordar e moldar. Hoje vejo que uma outra Silvia se preocupa com este setor, e tomara que ela consiga dar visibilidade às nossas rendas, palhas e barro.

A feira de Caruaru foi dos meus primeiros achados. Passei anos perambulando por entre os bonecos de Vitalino e as panelas de barro. Não podia chegar uma visita de fora, que o programa era levar o `estrangeiro´ para sentir o gosto do doce de coco entre uma barraca e um artesão. Uma vez aprendida a lição, fica o apreciar pelo encantamento da arte popular. De Caruaru para o mundo foi um pulo!
    
Primeira parada: a Guatemala, mas especificamente a um lugarejo chamado Chichicastenango. O lugar ficava há 3 horas da capital, por uma estrada cheia das curvas, um ônibus tipo marinete, de onde pude até ver um ciclone. Era domingo e o vilarejo tinha em sua feira de artesanato sua maior riqueza. O dia era de festa! As cores, os tecidos de tear manual, as cerâmicas, o povo vestido com seus panos, os tapetes, as comidas típicas, algumas procissões a passar, era um dia santo, talvez? Fiquei horas perdida por entre as barracas, a contar os meus poucos dolares entre uma túnica guatemalteca e uma bolsa bordada, e duas cerâmicas lindas. Os anos passaram, muitos! a túnica foi meu uniforme hippie durante anos, a bolsa furou de tantas andanças, mas as cerâmicas continuam olhando para mim da minha estante da sala. E aquele lugar…jamais hei de esquecer – chichicastenango!

Pisac – é um outro desses sonhos do artesanato, no Peru, perto da cidade de Cuzco. Fui num domingo de 1982, em cima de uma boléia de caminhão, por entre os sacos de milho, junto das cholitas. Todo um dia respirando a brisa das terras incas, perdida por entre as contas, as cores e os tapetes. Consegui comprar dois tapetes – viva! No final da tarde, pé na estrada, carona again, frio, a boca cortada do clima seco e a terra ocre. Virei parte do lugar!
    
O Grande Bazaar, em Istambul-Turquia. Visitei em 1987, e lá literalmente tive um ataque visual. Tudo congestionado! Quanta beleza! Minhas pupilas dilataram! Sessenta ruas cobertas de ouro, prata, tecidos, tapetes, granadas, e cheiros adocicados das pápricas, das tâmaras, dos curries, das hennas, e dos turquish delights. Seis dias entre as mesquitas, o canal de Bósforo, e várias celebrações, por entre as belezas do Bazaar. Qualquer semelhança com o conto `Araby´ de James Joyce, é mera coincidência!
    
O mercado de artesanato em Granada, Espanha, é outro antro de perdição. O oriente é com certeza lá, a música árabe, o couro marroquino, os pratos, as cânforas, a língua esquisita, e as pérolas de tudo do Marrocos. Claro que os leques, as castanholas, os lenços, e as marrafas também se misturavam por entre a cultura moura. Um grito de Paco de Lucia era o suficiente para sairmos dançando Flamengo pelo meio das vielas. Programa melhor só um dia inteiro perdida por Alhambra, a cidade vermelha.E viva a Andaluzia!
    
Camden Town, em London London, é o lugar também. Para lembrarmos da aldeia global e de como o mundo é pequeno. Tudo de todos os lugares. Mas na hora do chá, nada como `English tea com scone´ e thank you very much!
    
Última dica, ou quem sabe a primeira, para uma tarde consumista? Visite o Mercado de Artesanato!



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