Entretenimento

Autora paraibana lança livro de crônicas na Câmara dos Deputados, convidada pela comissão do Dia da Consciência Negra


09/12/2019

Portal WSCOM

Em seu livro de estreia, Waleska Barbosa, 43, autora paraibana radicada em Brasília há 19 anos, faz um convite já no título: Que o nosso olhar não se acostume às ausências

A obra será lançada nesta quarta-feira, (11/12), às 16h, no Espaço do Servidor da Câmara dos Deputados, em Brasília/DF, a convite da Comissão Representante do Dia da Consciência Negra, coordenada pelo deputado Damião Feliciano (PDT-PB).

“É uma proposta para que maiorias ou grupos fora dos padrões normativos, que terminam tomados como minorias, sejam enxergados em seu direito de existir e na sua diversidade. Muitos dos textos têm esse tema”, explica.  

O livro teve pré-lançamento no início de outubro, em Brasília, pouco antes da participação da autora na Feira de Livro de Frankfurt, onde fez parte da programação, a convite do projeto Sara e Sua Turma com o apoio institucional da Secretaria de Cultura do DF, da Fundação Cultural Palmares e Câmara Brasileira do Livro. 

Na Feira de Livro, ela falou no International Stage ao lado de escritores brasileiros sobre o tema A Literatura que vem da periferia. Em novembro, lançou a obra na Feira Literária de Campina Grande, sua cidade natal, onde também ministrou uma oficina de escrita. 

Fruto de edição independente, a obra foi viabilizada por uma campanha de pré-venda conduzida pela autora, que bancou a tiragem de 200 exemplares. As demais etapas foram presentes de amigos: o projeto gráfico é do Coletivo 105 e a ilustração da capa, do artista plástico Sérgio Abajur, paraibano que há onze anos mora na Alemanha, realizando trabalhos para o teatro.  

Com 234 páginas, ‘Que o nosso olhar’ tem apresentação da escritora Leila de Souza Teixeira, a quem Waleska conheceu em São Paulo, em cursos de literatura promovidos pelo Sesc, e prefácio de Laura Castro, escritora baiana, editora de livros artesanais e professora universitária.

Nos 74 textos – crônicas e prosas poéticas – selecionados no acervo do blog  www.umpordiaw.com.br, ela (se) expõe sobre questões como violência, amor, desamor, maternidade solo, genocídio do povo negro, racismo, feminicídio. Expõe aspectos que permeiam a vida de mulheres da segunda idade, como se define, e questiona padrões e jugos. 

Como cronista nata, Waleska também capta momentos pueris, do dia a dia, com uma forma poética e muito peculiar de se colocar diante dos fatos, expressa pelo ritmo de sua escrita e pela maneira de pontuar as frases. Também consegue ser dura e contundente ao apontar o que chama de ‘involução’ do ser humano. 

Falando por si ou (re)contando histórias, ela descobriu que escrever era um caminho para o fim do silenciamento e da (auto)censura impostos a ela e, historicamente às mulheres, entre elas, às mulheres negras. A prática da escrita fez com que percebesse que sua forma de interagir com o mundo estava mudando e que conseguia, finalmente, falar com a boca

O fio condutor da obra parte da identidade da autora como mulher negra, entendida e/ou reforçada, em função da escrita diária no blog. “O livro tem gênero. É feminino. É feminista. É mulher”, diz a orelha. 



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