Brasil

Após denúncia, Damares nega ter sequestrado menina indígena


31/01/2019

 A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, negou  nesta quinta-feira (31) que tenha sequestrado a indígena Kajutiti Lulu Kamayurá, 20. 

Em nota, Damares disse que que é a “cuidadora” de Lulu Kamayurá e que a trata como filha. “Lulu não foi arrancada dos braços dos familiares. Ela saiu com total anuência de todos e acompanhada de tios, primos e irmãos para tratamento ortodôntico, de processo de desnutrição e desidratação. Também veio a Brasília estudar”, afirma Damares por meio da assessoria do ministério.

Em reportagem de capa, a revista Época traz depoimentos de índios da aldeia Kamayurá, localizada no centro da reserva indígena do Xingu, em Mato Grosso, que afirmam que Lulu foi retirada irregularmente da tribo, aos 6 anos. Damares apresenta Lulu como sua filha adotiva, mas a adoção nunca foi formalizada legalmente, segundo a própria ministra.

Segundo os índios relataram a revista, Lulu deixou a aldeia levada pela amiga e braço direito de Damares, Márcia Suzuki, sob o pretexto de fazer um tratamento dentário na cidade, mas nunca mais voltou. Márcia fundou, junto com Damares, a ONG Atini, cuja bandeira é salvar crianças indígenas do infanticídio. “Márcia veio na Kuarup (festa tradicional em homenagem aos mortos), olhou os dentes todos estragados (de Lulu) e falou que ia levar para tratar”, contou Mapulu, pajé kamayurá e irmã do cacique.

Leia a íntegra do texto divulgado pela ministra:

Nota pública sobre repercussões relacionadas à matéria da revista Época

Sobre as repercussões relacionadas à matéria da revista Época no processo de adoção de Lulu Kamayurá, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos esclarece os seguintes pontos:

1. A ministra Damares Alves não estava presente no processo de saída de Lulu da aldeia. As duas se conheceram em Brasília.

2. Lulu não foi arrancada dos braços dos familiares. Ela saiu com total anuência de todos e acompanhada de tios, primos e irmãos para tratamento ortodôntico, de processo de desnutrição e desidratação. Também veio a Brasília estudar.

3. Damares é uma cuidadora de Lulu e a considera uma filha. Como não se trata de um processo de adoção, e sim um vínculo socioafetivo, os requisitos citados pela reportagem não se aplicam. Ela nunca deixou de conviver com os parentes, que ainda moram em Brasília.

4. Lulu não foi alienada de sua cultura e passou por rituais de passagem de sua tribo.

5. Lulu não é pessoa pública. É maior de idade. Não foi sequestrada. Saiu da aldeia com familiares, foi e é cuidada por Damares com anuência destes. Nenhum suposto interesse público no caso deveria ser motivo para a violação do direito a uma vida privada, sem tamanha exposição.

Brasil 247


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