Economia & Negócios

Professor de Economia fala sobre agenda esquerdopata para o Brasil


06/09/2018

O professor de economia da Universidade Federal da Bahia (UFBa), Wilson F. Menezes, fala em novo texto nesta quinta-feira (6), sobre agenda esquerdopata para o Brasil. O artigo semanal é uma parceria do Departamento de Economia da UFPB com o Grupo WSCOM.

Leia na íntegra:

UMA AGENDA ESQUERDOPATA PARA O BRASIL

Wilson F. Menezes

Professor da UFBa

Desde os anos 60, a esquerdopatia estruturou uma nova forma de luta, cujo objetivo é atacar o capitalismo, burguês, rentista, financeiro e imperialista. Uma comédia hilária e bufônica de grande sofisticação mental, que os infelizes mortais não conseguem entender. É muito, muito grande sua complexidade. Essa complexidade decorre da possibilidade de simular uma realidade pensada que somente os iniciados conseguem perceber e apalpar. Mas vejamos o seu conteúdo.

Inicialmente houve o reconhecimento de que o valor trabalho não regula nem orienta as transações econômicas, descobriu-se que a demanda existe e ela se orienta pelas subjetividades das pessoas: quero, logo tem valor. Com esse reconhecimento, necessário se fez colocar o Grande e Sagrado Guru de ponta cabeça, de maneira que os aparelhos superestruturais passaram a comandar a festa de arromba (dos cofres públicos). A revolução não mais se daria pela base, mesmo porque o proletariado deu adeus a essa gente, mas através de mecanismos vinculados ao aparelho cultural. Proclamou-se então a necessidade de desmontar a cultura da burguesia, rentista, financeira, imperialista. É como procurar luz e significado onde por definição impera uma máquina de nonsense. Assim é que se pode dizer que: só quem entende é quem acredita. Verdadeiro comportamento para o que chamam de verdadeira ciência, o resto é vulgaridade. Sublimação do Jovem, em detrimento do Velho. Uma espécie de lusco-fusco mental, em que tudo é luz, tudo é escuridão, mas a revelação se faz.

Muitos nomes trabalharam nessa nova roupagem. Cada um à sua maneira, é claro. Foi assim que uma salada de frutas mentais passou a comandar todo o processo de luta: Avante camaradas, vamos destruir os moinhos de vento! Lindoneia, siga-me Lindoneia! Diabo de mulher mais surda! Lindoneia não é mais uma pequena, ela agora se chama Erika, defende o incesto e a fila do Sus para cirurgias trans.

Discípulos de Althusser (quimeras, fraude e fracasso teórico), Foucault (cínico ilimitado), Sartre (diabólico sem sentido), Gramsci (inveja de Mussolini que fez o que ele queria fazer) estejam a postos. É chegada a hora de ouvir e cantar a verdadeira natureza humana, quando a falsa consciência será aniquilada e o fetichismo será curado (quanta idiotia, meu Deus). Seguidores de Trotski (a revolução não para, basta reconhecer que a história não é gerada pela mudança econômica, nasce aqui o voluntarismo), Lenin (a novilíngua em ação; com Hitler venceremos), Stalin (julgamentos forjados e deportações para a Sibéria), Mao (o mais atrasado dos marxismos, o camponês), Castro (débeis discursos do Vesúvio cubano), Guevara (a máquina mortífera sórdida e arrogante), Ho Chi Minh (obstinação fria e desumana), Hodxa (tosco e inexpressivo maoísta), Pol Pot (aluno sanguinário de Sartre) estejam prontos para as novas ações (ou execuções?). A grande tarefa é transformar o mundo. Sem entendê-lo mais fácil ainda. A hora é agora, os Engenheiros Sociais estão chegando e todos eles declaram guerra ao intelecto. Falar uma língua estrangeira ganha uma bala (na cabeça), duas línguas duas balas e assim por diante. Daí o nome de Roleta Russa? Legal! Nessa hora, quero estar do lado do ocidente civilizado e culto, muito longe da barbárie.

Um bom entendimento do que representa o marxismo encontra-se nas páginas de Kolakowski (Main Corrents of Marxism), filósofo polonês marxista, alguém da própria casa, portanto. Acusado de afastar-se da linha leninista tornou-se um dissidente de notório conhecimento sobre o marxismo. Para Kolakovski o marxismo entrou em colapso em 1917, com o comunismo soviético. Desde então só tem apresentado porcarias e mais porcarias: as tolices pernósticas de Sartre e o marxismo camponês de Mao são apenas exemplos. Mesmo assim, para esse importante autor, o marxismo deve ser levado a sério. Não pelo que ele interpreta do funcionamento da economia e da política, afinal o mundo foi para o oposto do que foi avançado em suas principais teses. Mas, pela ilusão romântica e prometeica armada de um determinismo histórico, sem a menor condição de sustentação teórica e sem uma única expressão de realização factual. O marxismo ilude apesar de falso. A sedução da promessa requer a mentira como forma de persuasão. Bakunin e Rosa de Luxemburgo, também marxistas, anteciparam o desfecho totalitário de suas experiências, bem antes de Lenin descer na Estação Finlândia. Convencer mentes pelo embuste ou quebrar os corpos, essa é a sua essência. Os religiosos seculares dessa ideologia passaram a explicar tudo pela história e pela economia, sem sequer estudar essas duas disciplinas. Estudar para quê? Esses religiosos são intelectualmente preguiçosos e se justificam pela importância e pressa em transformar o mundo,

Na “nova sociedade” o partido é único, a lei é opcional, a constitucionalidade é irrelevante, a escolha ideológica é livre desde que você não se faça de idiota desafiando as ordens do Comandante em Chefe. Para Gramsci, a velha sociedade somente foi possível face a complexa dominação de classe, a qual se ergue a partir da propriedade dos meios de produção, mas também pelo total controle do aparelho de estado e comando hegemônico de toda sociedade civil: cargos governamentais, destruição da família, reviravolta no processo educacional, negação da religiosidade, controle dos meios de comunicação etc. etc. Chegou o momento de colocar o homem contra a mulher, o negro contra o branco, o jovem contra o velho, o homo contra o hétero e por aí vai. Mas o maior crime contra a humanidade é o tratamento que vêm sendo dado às crianças. Meu Deus! Meu Deus! Quanta perversão diante de meus olhos. Dividir para governar. A luta a partir da infraestrutura é declarada como falsa, o querer político é que deve prevalecer. Quanto voluntarismo, quanta ingenuidade, não fosse o perigo de cairmos nessa armadilha, afinal quantos países não foram sacudidos por esta sanha tamanha.

A título de exemplificação peguemos o que podem fazer com um possível currículo educacional de gauche. Com vistas a obtenção de um diploma em Estudxs Matematxs. Cinco disciplinas devem ser necessárias: 1) Sociologia Matemática, onde se aprenderá sobre as origens dos privilégios quantitativos que explicam as explorações tipo o homem é o lobo do homem, no capitalismo é claro. 2) Psicologia Matemática, com incursões no inconsciente neural, que explica a verdadeira fonte da exploração. 3) Filosofia Matemática, para mostrar que tudo é dialético, sobretudo em uma equação do segundo grau. 4) História Matemática, buscando as raízes nagôs como explicação das virtudes hodiernas contra o mal pela raiz. 5) Disciplinas Optativas: Arte Matemática; Cosmologia Matemática; Simbolismo Não Simbólico da Matemática e um estudo especial sobre a Historiografia da Forma Universal do Número 2, por ser a representação gráfica da dialética. Mas uma simples adição é um desafio insuperável. Engenheiro só o social. Médicos serão fornecidos por Cuba. Desemprego? Nada que o SUS, o INSS e o bolsa família não possam resolver. Afinal para que serve a revolução?

Basta lembrar que a “Afro-matemática” já é uma matéria obrigatória em curso da Universidade Federal do ABC, como forma de “romper com os moldes da educação reprodutora do racismo”. Um currículo de dar inveja a qualquer alienado, um verdadeiro menu ideológico. Claro que nosso herói nacional (não é Macunaíma) aprova em sua totalidade e integridade essas expressões de sapiência. A prova para tanto é que o Notório Maníaco Mentiroso, também conhecido como “A Entidade do Sítio de Atibaia”, hoje com residência fixa em Curitiba, oferece um curso presencial da mais alta especialização, cujo nome é: “Investigação sobre a Natureza e Causas da Cleptomania Material e Moral”. Com isso ele lidera uma divisão ocupacional para o exercício da subtração da riqueza alheia passível de apropriação indébita. Infeliz do país que tem esse tipo como herói.



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