Internacional

Urnas são abertas na Venezuela para eleição; Maduro é favorito

Em crise econômica e social, Venezuela vai às urnas neste domingo com Maduro como favorito à reeleição. Falta de adversários de peso e abstenção devem favorecer atual presidente


20/05/2018

Urnas em 14,5 mil centros de votação foram abertas na manhã deste domingo (20) para a eleição presidencial na Venezuela. Embora 20,5 milhões de pessoas estejam aptas a votar, a abstenção deve favorecer a reeleição de Nicolás Maduro para mais 6 anos de mandato. Além disso, a ausência de adversários de peso também deve contribuir para a vitória do presidente.

As urnas na capital Caracas e em outras cidades venezuelanas foram abertas às 6h (7h, no Brasil), mas o pleito começou antes para cidadãos venezuelanos residentes no exterior, em países como Áustrália, China, Índia e Malásia, devido à diferença de fuso horário.

Meia hora antes da abertura das urnas, Nicolás Maduro convocou pelo Twitter os venezualanos a votarem nas eleições. “Começando um ótimo dia. Diana Carabobo toca em todos os cantos desta terra. Hoje é dia de festa, temos um encontro com a história!”, escreveu, citando um hino chavista usado durante a sua campanha.

O presidente chegou para votar pouco antes das 6h ao colégio Miguel Antonio Caro, em Caracas, ao lado da esposa, Cilia Flores, e de vários colaboradores. “Fui o primeiro votante da pátria (…) sempre em primeiro nas batalhas pela nossa soberania, pelo direito à paz”, declarou o líder chavista em entrevista coletiva depois de emitir seu voto.

A eleição presidencial na Venezuela ocorre em meio à falta de reconhecimento da comunidade internacional, ao boicote pela maioria da oposição e sob forte suspeita de manipulação governamental.

E, apesar de contar com um índice de rejeição de mais de 75%, o presidente Nicolás Maduro não deve enfrentar grandes dificuldades para se reeleger e continuar no cargo que ocupa desde 2013, após a morte de Hugo Chávez.

Isso se deve principalmente à ausência de competidores de grande peso político e à previsão de uma grande abstenção eleitoral. Segundo pesquisa da Atlantic Council divulgada em 5 de abril, quase a metade dos venezuelanos avalia não votar nas eleições presidenciais – o voto não é obrigatório no país.

Desesperança

As sensações de desesperança e desconfiança são generalizadas no país. Cerca de 44,3% dos consultados porta a porta se mostraram inclinados a não participar das eleições, diante dos 28% registrados em janeiro em uma pesquisa por telefone deste centro de estudos com sede em Washington.

Cerca de 49,8% consideram que os resultados anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) não seriam críveis, 10 pontos percentuais a mais do que em janeiro.

A eleição presidencial estava inicialmente prevista para o fim deste ano, mas em 23 de janeiro a Assembleia Nacional Constituinte anunciou que ela seria antecipada para uma data anterior a 30 de abril, depois fixada em 22 de abril.

Mais tarde, porém, houve um adiamento para a segunda quinzena de maio.

Campanha

Apesar de tudo, Maduro cumpriu uma intensa agenda de campanha eleitoral e foi cauteloso quanto a um discurso de vitória certa antes da hora.

“Que ninguém fique confiante a ache que já ganhamos. Claro que temos força para ganhar e vamos ganhar, mas temos que afinar nossa máquina para garantir os votos”, disse o presidente em 4 de maio.

E, mesmo com a grave crise econômica e política do país, o presidente participou de animados comícios diariamente, nos quais prometeu “uma revolução na economia”, cantou e dançou ao lado de artistas populares na Venezuela e até do ex-jogador argentino Diego Maradona.

Maduro confirmou oficialmente sua candidatura à reeleição em 27 de fevereiro. Naquele dia, com funcionários de sua confiança, visitou o túmulo do líder socialista Hugo Chávez (1999-2013), antes de se encaminhar para a sede do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) para entregar os documentos de inscrição.

“Este é o plano da pátria 2025, que é o aprofundamento do caminho e o legado de nosso amado comandante Hugo Chávez (…) na direção da prosperidade econômica”, declarou na ocasião.

Boicote e outros candidatos

Assim que as eleições foram anunciadas, a oposição avisou que iria boicotar o pleito. “Não contem com a Mesa da Unidade Democrática nem com o povo para aprovar o que, até agora, é apenas um simulacro fraudulento e ilegítimo de eleição presidencial”, afirmou o coordenador político da MUD, Ángel Oropeza, em entrevista coletiva em 21 de fevereiro.

De qualquer forma, os dois maiores rivais de oposição de Maduro estariam impedidos de concorrer ao cargo: Leopoldo Lopez está em prisão domiciliar e Henrique Capriles está impedido de se candidatar a qualquer cargo por um período de 15 anos por conta de acusações de má conduta quando era governador.


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