Economia & Negócios

Ibovespa inicia ano com recorde


03/01/2018



A bolsa retomou o fôlego na virada do ano e cravou nova marca histórica de fechamento no primeiro pregão de 2018. Sem a pressão do noticiário político nacional e num dia positivo para os mercados globais, os investidores renovaram o otimismo com a visão de que a recuperação em curso prosseguirá e que terá efeitos positivos sobre o resultado das empresas. O Ibovespa fechou em alta de 1,95%, aos 77.891 pontos. O dólar recuou 1,62%, para R$ 3,2597.

Como o novo recorde, o principal índice da bolsa deixou para trás a máxima histórica de 76.989 pontos, registrada no dia 13 de outubro. O movimento foi considerado forte, sobretudo levando-se em conta o período do ano: o giro financeiro somou R$ 8 bilhões. E foi patrocinado em grande parte pela presença de investidores estrangeiros, segundo relato de operadores. Para efeito de comparação, o primeiro pregão de 2017 teve um movimento financeiro de R$ 1,9 bilhão.

Em dólar, o Ibovespa ainda está aquém do nível histórico, que é de 44.616 pontos, atingido no dia 19 de maio de 2008. Ontem, o índice fechou a sessão valendo 23.822 pontos, maior patamar desde 20 de outubro de 2017, quando bateu em 23.997 pontos.

O que permitiu esse rali da bolsa foi, em primeiro lugar, a retirada de alguns elementos que travavam o mercado no fim de 2017. O vaivém em torno da reforma da Previdência desencorajou investidores e levou muitos agentes locais e estrangeiros a zerarem posições à espera de alguma definição. A ameaça do rebaixamento da avaliação de risco pela agência S&P Global, decorrente do atraso da reforma, reforçou esse ambiente.

Essa melhora no cenário abriu espaço para que investidores operassem, enfim, em cima de indicadores mais positivos sobre a economia local e externa. "Existe uma recuperação da atividade que já está contratada e que independe do fator político", afirma o sócio da Rosenberg Associados, Marcos Mollica. "Isso gera um ambiente muito positivo e justifica nossa posição em bolsa", acrescentou.

Na lista de boas notícias sobre a atividade, veio somar-se ontem o Índice de Confiança Empresarial (ICE), da FGV, que avançou 1,2 ponto em dezembro, para 93,1 pontos, o maior nível desde abril de 2014, após seis meses consecutivos de alta. Além disso, a pesquisa Focus, do Banco Central, mostrou leve alta na estimativa para crescimento do PIB em 2017, de 0,98% para 1%, e para 2018, de 2,68% para 2,70%.

No fim do ano passado, o mercado já vinha reagindo a indicadores mostrando que o varejo teria um desempenho finalmente positivo neste Natal, revertendo resultados observados desde 2014. Essa leitura ajudou especialmente o desempenho empresas do setor de varejo.

Outro elemento doméstico que ajuda a bolsa é o juro. Ontem, as taxas dos contratos de DI tiveram queda firme, valendo-se não só do exterior mas também da visão de que o cenário para a inflação é muito positivo para 2018, com chances de haver ao menos mais dois cortes de 0,25 ponto da Selic.

No fechamento, o contrato de DI para janeiro de 2019 projetava taxa de 6,81%, ante 6,87% no ajuste da sessão anterior. O DI para janeiro de 2020 mostrava 7,93%, ante 8,07%, enquanto o DI janeiro 2021 indicava 8,88%, ante 9,06%.

"O exterior estava muito positivo e tivemos uma série de fatores internos, como o não rebaixamento do rating do Brasil pela S&P", disse Luis Laudísio, da Renascença.

Já Matheus Gallina, da Quantitas, aponta que tradicionalmente na primeira sessão do ano há uma realocação de risco, que potencializou o movimento de ontem. "Uma eventual condenação de Lula pelo TRF-4 pode dar fôlego para uma nova 'pernada' no mercado de juros", disse.

Na lista das maiores altas da bolsa, as siderúrgicas acabaram se destacando. Usiminas PNA fechou em alta de 5,49%, Gerdau PN ganhou 4,77%, Gerdau Metalúrgica avançou 4,49% e Vale ON subiu 3,63%. Na ponta negativa, Eletrobras PNB recuou 3,79% e Eletrobras ON cedeu 2,84%, com investidores ainda de olho no noticiário sobre a privatização.

Estreante na carteira teórica do Ibovespa, Magazine Luiza ON passou boa parte do dia em alta firme, mas acabou cedendo e perdeu 1,15% no fechamento, num claro movimento de realização de lucros.



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