Economia & Negócios

Ipea reduz projeção do PIB de 2018 por atraso em reforma da Previdência

ATRASO EM REFORMA


28/09/2017

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) baixou de 3,4% para 2,6% a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2018. A mudança no cenário se deve à demora na aprovação da reforma previdenciária, conforme apontou a Diretoria de Macroeconomia (Dimac) do instituto. A análise foi divulgada nesta quinta-feira (28) pelo Grupo de Conjuntura do instituto.
Ipea projeta crescimento do PIB em 0,7% em 2017

"A realização ou não da reforma da Previdência nos próximos anos é fator chave para a viabilidade da consolidação da recuperação da economia, porque tornar sustentáveis as contas públicas é essencial para que os investidores confiem nessa retomada e voltem a fazer investimentos de longo prazo”, afirmou o economista José Ronaldo de Castro Souza Júnior, diretor da Dimac.

A análise de risco, segundo Castro, impacta diretamente nas projeções da conjuntura econômica. “Se você reduzir o risco agora, você tende a ter uma resposta em termos de mais crescimento no ano que vem. A nossa previsão tende a se alterar dependendo destas mudanças e do tempo dessas mudanças”, destacou.

O economista destacou, porém, que os leilões do setor de energia e petróleo e gás realizados nesta quarta-feira (27), com os quais o governo federal arrecadou, juntos, cerca de R$ 16 bilhões, já indica que há uma melhora na análise de risco do mercado.

“Isso [a arrecadação com os leilões acima do esperado] é uma indicação de que existe um otimismo maior de longo prazo”, destacou.
Urgência da reforma

A previdência, conforme enfatizou o economista, tem impacto direto na estrutura de gastos do governo. “Os gastos obrigatórios [do governo] vêm crescendo, porque a gente tem um envelhecimento rápido da população que, aliado às regras previdenciárias do Brasil, faz com que os gastos com a previdência cresçam cada vez mais”, apontou.

Os gastos obrigatórios limitam os chamados gastos discricionários, indispensáveis aos investimentos do governo. José Castro relativizou que mesmo com a reforma da previdência será difícil diminuir consideravelmente o teto de gastos, “mas vai ser mais viável controla-lo”.

O economista do Ipea destacou, ainda, que a reforma previdenciária é inevitável e urgente. Segundo ele, quanto mais demorar a ser feita, mais severa deverá ser.
“Se essa reforma da previdência é adiada, e isso é matemática, as regras de transição terão que ser mais duras. Se não se faz agora, ela terá que ter uma transição mais rápida quando for feita”, avaliou.

‘Reversão cíclica’ da recessão
O Ipea manteve a projeção de crescimento do PIB em 0,7% para este ano. A última projeção havia sido divulgada pelo instituto em março. Na ocasião, o percentual de alta do indicador era mais otimista que o do Banco Central, que era de 0,4%. Já na última projeção da autoridade monetária, a estimativa também ficou em 0,7%.

Segundo o economista do Ipea, José Castro, todos os indicadores econômicos apontam para uma saída da crise econômica. “Acreditamos que houve uma reversão cíclica e saímos da recessão”, avaliou.

Para 2018, o Ipea prevê “uma consolidação dessa recuperação”, segundo o diretor de macroeconomia. Segundo Castro, o maior impacto esperado é no consumo das famílias, viabilizado, principalmente, pela redução da taxa de juros e pela melhora gradativa do mercado de trabalho.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) já havia apontado uma melhora na condição de consumo dos brasileiros. Ela ocorreu, segundo os analistas, viabilizada pela liberação de recursos inativos do FGTS.

Segundo o economista do Ipea, os efeitos da liberação dos recursos poderá ter efeito mais duradouro. Isso porque a maior parte destes recursos teriam sido aplicados pelas famílias na quitação de dívidas ou para poupança.

“Ao reduzir endividamento, você libera mais recursos para o consumo. A gente imagina que não só por esse motivo, mas especialmente pela redução de juros que está estimulando mais a economia, o impacto dele [liberação dos recursos do FGTS] continuará sendo sentido e que o consumo das famílias seguirá puxando esse crescimento da economia”, apontou Castro.



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