Entretenimento

Projeto Interatos de abril apresenta espetáculos de teatro, dança e circo

Em abril


28/03/2016

A Fundação Espaço Cultural da Paraíba (Funesc) realiza, de 1 a 3 de abril, mais uma edição do projeto “Interatos – mostra e formação permanente de teatro, dança e circo”. A ação do mês recebe espetáculos de grupos paraibanos que contemplam as três linguagens artísticas. A primeira atração é o espetáculo teatral ‘Razão Para Ficar’, que será apresentado na sexta-feira (1), às 20h. No sábado (2), o Balé Cidade de Campina Grande apresenta ‘Frestas, Fôlego e Pele’, às 20h. No domingo (3), às 17h, a Cia. Lua Crescente sobe ao palco com ‘As Engraxadinhas’. Todas as apresentações acontecem no Teatro Paulo Pontes do Espaço Cultural José Lins do Rego. Os ingressos para cada espetáculo do projeto custam R$ 10 (inteiro) e R$ 5 (meia-entrada).

Interatos é uma iniciativa da Funesc desenvolvida por meio das coordenações das respectivas áreas envolvidas no projeto. Sua primeira edição aconteceu em setembro de 2015. A proposta visa contemplar mensalmente estes três segmentos das artes cênicas alternando o palco entre atrações locais, nacionais ou internacionais. Além de estabelecer uma consistente agenda de programação, dando acesso a artistas e público em geral ao que está sendo produzido em âmbito local, nacional e internacional, o projeto vem potencializar as ações de formação e troca, criando um ambiente de reflexão que pretende integrar estes setores que são ao mesmo tempo afins e distintos.

A iniciativa surge com o objetivo de dar visibilidade e dinamizar a produção de circo, dança e teatro no Estado, em suas mais diversas expressões, além de contribuir para nortear a formação de qualidade de estudantes, professores, artistas amadores e profissionais nos três segmentos. Outro ponto é a formação de público, a partir da oferta de espetáculos variados e de qualidade para as diversas faixas de idade e interesse da população. A curadoria do Projeto Interatos é realizada pelas coordenações de Dança, Circo e Teatro, levando em consideração o cadastro de artistas realizado pela Fundação.

Sinopses
‘Razão Para Ficar’ – Espetáculo teatral construído a partir de depoimentos de oito mulheres, egressas do Hospital Psiquiátrico Juliano Moreira, em João Pessoa, Paraíba que, após um longo período de internamento, passaram a viver em um Serviço Residencial Terapêutico. O SRT é um espaço de acolhimento cuja meta é promover uma gradativa inclusão social e o desenvolvimento da autonomia de seus moradores. No entanto, a ausência de projetos que viabilizem a interação entre as residentes e a comunidade, bem como o preconceito existente entre a população do bairro onde essas casas estão inseridas, terminam por dificultar a construção de uma reinserção social bem sucedia. A dramaturgia do espetáculo, construída a partir das vozes dessas oito mulheres internas e de trechos de obras literárias de Clarice Lispector, poemas de Adélia Prado e Lisbeth Lima, busca evidenciar os processos de internamento de mulheres e as consequências de um regime de internação que elimina os sujeitos, tratados como pacientes.

A ideia de montagem de um espetáculo que partilha experiências de isolamento e discute os processos de internação psiquiátrica surgiu a partir da leitura da tese de Thalyta Lima, que desenvolveu uma pesquisa entre os anos de 2008 e 2010, sobre as histórias de vida e o processo de reinserção social de oito mulheres egressas de um Hospital psiquiátrico, hoje moradoras do Serviço Residencial Terapêutico da cidade de João Pessoa, modelo de moradia inspirado pela reforma psiquiátrica. A dramaturgia foi sendo construída através do diálogo com outras vozes de mulheres presentes na literatura brasileira.

A encenação busca evidências os limites frágeis entre saúde e doença; as relações perversas de uma sociedade que condena ao confinamento mulheres em situação de pobreza, abandonadas pelas famílias e pelo Estado. Conforme a análise dos dados da pesquisa a redução de leitos em hospitais psiquiátricos e o investimento em serviços que evitem o internamento não garantem o fim do isolamento social dos portadores de transtornos mentais. A política que fecha os manicômios e implanta alternativas de tratamento extra-hospitalares não cria, automaticamente, para os usuários desses serviços, novas formas de viver na comunidade.

Lidar com o imaginário sobre a loucura e desfazer o profundo estigma existente em torno da pessoa por ela acometida ainda é tarefa difícil. Para que haja uma mudança na relação social com o fenômeno da loucura, o espaço urbano deve se configurar como um ambiente de produção de novos sentidos para a vida, pois é um local de trocas permanentes, onde a diversidade de encontros estimula o processo de sociabilidade. Essas premissas são imprescindíveis para que a lógica asilar do isolamento não continue a se repetir, mesmo fora dos muros do manicômio. Ficha técnica – Direção: João Paulo Soares | Atuação: Ana Marinho | Dramaturgia: Ana Marinho e João Paulo Soares, baseada em pesquisa sobre as Residências Terapêuticas de João Pessoa, realizada por Thalyta Lima, além de fragmentos de textos de Clarice Lispector e poemas de Adélia Prado e Lisbeth Lima| Cenário: Maria Botelho | Iluminação: Fabiano Diniz | Figurino: Vilmara Georgina.|

‘Frestas, Fôlego e Pele’ – Inquietação. Estranhamento. Reflexão. Essas três palavras bem que poderiam dar sentido a jornada que o bailarino e coreógrafo Romero Mota empreendeu há alguns anos. A partir de uma parada estratégica em seu percurso como criador, o artista fez, por força das circunstâncias, um caminho rumo a si mesmo que passou pela observação crítica de sua relação com aquilo que o define como criador: a dança.

Nesse período, enquanto se dedicava ao estudo do movimento em um outro nível – o da formação acadêmica em Educação Física – Mota viu com distanciamento o processo criativo na dança, ora com estranhamento, ora com nostalgia, mas sempre com um desejo de ir além de tudo que já tinha feito. Uma observação através das frestas que essa etapa lhe permitiu. Foram momentos em que refletiu sobre seu método e, movido pela inquietação que isso gerou, travou uma batalha consigo mesmo, ora negando, ora aceitando a missão de criador.

Passado esse período de incubação, voltou munido de uma vontade de devastar ainda mais o óbvio e apostar num trabalho cada vez menos engessado pelas regras, sejam da dança clássica, sejam da própria dança contemporânea, terreno que lhe deu reconhecimento.

Frestas, fôlego e pele traz, em sua essência, um espírito modificador das engrenagens da sua dança. Nesse novo processo criativo, onde contou com jovens bailarinos das mais diversas idades e formações, Romero Mota apostou naquilo que a crise pode trazer de útil à arte: o novo. Mas um novo sem obrigação. Um novo com o único compromisso que arte deve ter: a expressão. Ficha técnica – Grupo: Balé Cidade de Campina Grande | Concepção, Direção e Coreografia: Romero Mota | Produção Executiva: Erasmo Rafael | Interpretes Criadores: Cas Silva, Daniel Sld, Eric Breno, Liu Santos, Samuel Y Laurentino e Vagner Gomes | Professor de Ballet Clássico e Contemporâneo: Romero Mota | Professora de Teatro: Regina Albuquerque | Sonoplastia: Romero Mota | Iluminação: Napoleão Gutemberg | Figurino: Clécius Rocha | Assistente de Produção: Allef Connery, Beatriz Costa E Fanny Rodrigues.

As Engraxadinhas – É um espetáculo que homenageia as mulheres palhaças, no qual se faz uma releitura de grandes esquetes tradicionais, que tanto brilharam nas mãos dos mestres palhaços. Elas que, quase nunca aparecem no picadeiro com a responsabilidade do ser palhaço, vem agora aos poucos conquistando um espaço que até então era exclusivo dos homens. Apresentando com maestria e respeito a mais bela das heranças deixadas no circo, as esquetes e gags, que por muitos anos arrancaram gargalhadas e aplausos de todos os espectadores pelo mundo. Ficha técnica – Grupo: Cia. Lua Crescente | Direção: Kleber Marone | Elenco: Marinalva Rodrigues, Naylane Cavalcanti, Ritha Trajano, Kleber Marone | Sonoplastia: Adriana Ramalho | Figurino: Adriano Bezerra | Iluminação: João Amaro.

 



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