Internacional

Na Grécia, apoiadores do ‘não’ e do ‘sim’ em referendo fazem protestos


04/07/2015

Duas manifestações tomaram conta de Atenas nesta sexta-feira (3). Apoiadores da opção "sim" no referendo de domingo se reuniram com faixas e bandeiras, seguidos por outro protesto, dos gregos a favor do "não".

No referendo de domingo (5), os gregos deverão dizer se aceitam ou não as exigências dos credores da Grécia (FMI, União Europeia e Banco Central Europeu) em troca de ajuda financeira. Elas incluem medidas de aperto financeiro, como aumento de impostos e cortes na aposentadoria.

A polícia chegou a usar gás lacrimogênio durante um tumulto com manifestantes, segundo a Associated Press.

Pesquisa

Os defensores dos termos do resgate da Grécia assumiram uma pequena liderança sobre o "Não" defendido pelo governo, 48 horas antes do referendo que pode determinar o futuro do país na zona do euro, de acordo com uma pesquisa.

A sondagem do respeitado instituto Alco para o jornal Ethnos coloca o "Sim" com 44,8% contra 43,4% para o "Não". Mas a vantagem fica dentro da margem de erro de 3,1 pontos percentuais, e 11,8% dos entrevistados disseram que ainda estão indecisos, segundo a Reuters.

Com os bancos fechados durante toda a semana, os saques em caixas eletrônicos limitados e o comércio travado, a votação pode decidir se a Grécia receberá outro resgate financeiro em troca de mais medidas duras de "aperto financeiro" ou se mergulha ainda mais fundo em uma crise econômica.

Também pode determinar se a Grécia se torna o primeiro país a deixar o bloco europeu de moeda única formado por 19 nações, cuja adesão deveria ser irrevogável.

A pesquisa mostrou que 74% dos gregos querem permanecer na zona do euro, enquanto apenas 15% querem retornar a uma moeda nacional, com 11% indecisos, ainda de acordo com a Reuters.

O primeiro-ministro, Alexis Tsipras, tem pedido aos gregos que rejeitem os termos "humilhantes" oferecidos na semana passada por credores internacionais em um acordo que não está mais sobre a mesa, e acusou credores de "chantagem" ao segurarem o crédito.

Nesta sexta, Tsipras compareceu à manifestação em favor do não e fez um discurso reforçando o pedido para que a população rejeite as propostas dos credores. Ele afirma que, com esse resultado, a Grécia poderia ter condições melhores para as próximas negociações com ministros da zona do euro e com o FMI.

"No domingo, não vamos decidir simplesmente permanecer na Europa, nós vamos estar decidindo viver com dignidade na Europa", disse Tsipras no discurso feito aos manifestantes. "O nosso povo está lutando sem espadas ou balas. Eles têm algo mais forte ao seu lado: justiça", continuou. "Nós temos justiça ao nosso lado. Nós vamos conseguir. Com integridade, ousadia e liberdade."

O premiê já havia se pronunciado mais cedo nesta sexta, em discurso transmitido por uma emissora de TV local. Ele disse que uma análise do FMI, que mostra que a dívida do país é insustentável, justifica a decisão do governo de rejeitar um pacote de ajuda de seus credores.

RESUMO DO CASO
– A Grécia enfrenta uma forte crise econômica por ter gastado mais do que podia.
– Essa dívida foi financiada por empréstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do resto da Europa.
– Na última terça-feira (30), venceu uma parcela de € 1,6 bilhão da dívida com o FMI. Então, o país entrou em "default" (situação de calote), o que pode resultar na sua saída da zona do euro.
– Essa saída não é automática e, se acontecer, pode demorar. Não existe um mecanismo de "expulsão" de um país da zona do euro.
– Como a crise ficou mais grave, os bancos estão fechados nesta semana para evitar que os gregos saquem tudo o que têm e quebrem as instituições.
– A Grécia depende de recursos da Europa para conseguir fazer o pagamento ao FMI. Os europeus, no entanto, exigem que o país corte gastos e aumente impostos para liberar mais dinheiro. O prazo para renovar essa ajuda também venceu nesta terça-feira.
– O governo grego apresentou uma nova proposta de ajuda ao Eurogrupo, grupo que reúne ministros da União Europeia, fazendo concessões, mas rejeitando algumas das medidas de cortes mais duras.
– O primeiro-ministro grego convocou um referendo para domingo (5 de julho). Os gregos serão consultados se concordam com as condições europeias para o empréstimo.
– A Europa pressiona para que a Grécia aceite as condições e fique na zona do euro. Isso porque uma saída pode prejudicar a confiança do mundo na região e na moeda única.
– Para a Grécia, a saída do euro significa retomar o controle sobre sua política monetária (que hoje é "terceirizada" para o BC europeu), o que pode ajudar nas exportações, entre outras coisas, mas também deve fechar o país para a entrada de capital estrangeiro e agravar a crise econômica.


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