Economia & Negócios

Indicadores apontam um 1º trimestre difícil em 2015

2015


23/11/2014



São Paulo – A cada dado econômico divulgado, as perspectivas para o começo de 2015 se tornam mais difíceis. Indicadores como a baixa expansão do crédito, os elevados estoques da indústria, a perda de dinamismo do mercado de trabalho e a queda na confiança de consumidores e empresas apontam para um primeiro trimestre fraco em 2015, a despeito da base de comparação deprimida.

Nos primeiros três meses deste ano, o Brasil registrou retração de 0,2% e o crescimento anual do PIB está estimado em 0,21% (pesquisa Focus). Para 2015, a expansão está projetada em 0,80% (Focus) e poucos arriscam estimativa para os primeiros três meses do ano após o IBGE confirmar, na semana passada, mudança de metodologia para medir a atividade.

Estimativa do Itaú Unibanco, por exemplo, é até mais otimista ao indicar crescimento de 0,4% para o PIB dos primeiros três meses de 2015, ano em que a expansão seria de 1,1%. Já a LCA vê um avanço de 0,2% para o primeiro trimestre.

Segundo os dados mais recentes, o estoque de operações de crédito do sistema financeiro subiu apenas 1,3% em setembro ante agosto, chegando a R$ 2,900 trilhões. Já a média diária de concessões de crédito livre subiu 2,5% em setembro em relação a agosto, para R$ 12,7 bilhões.

Além disso, todos os grandes bancos reduziram, nas últimas semanas, suas projeções para a expansão das carteiras, priorizando segmentos de menor risco, como crédito imobiliário e consignado, para manter a inadimplência em baixa. Bradesco, por exemplo, reviu a faixa prevista de 10%-14% para 7%-11%.

Além de mais caro, o crédito para a pessoa jurídica está com prazo mais curto. Ao analisar os dados mais recentes do mercado de crédito disponibilizados pelo Banco Central, o pesquisador do Instituto Assaf, Fabiano Guasti Lima, observa que as taxas de juros para as empresas fecharam agosto na média de 15,8% ao ano.

Em agosto do ano passado, a taxa média era de 14,7% ao ano. Na mesma base de comparação, o prazo dos financiamentos caiu de 69,5 meses para 58,5 meses. "Para a pessoa jurídica, o crédito de curto prazo não atende as necessidades de investimento, o que inviabiliza a concretização de novas oportunidades", diz.

Essa redução na expansão do crédito não é um problema só de oferta, mas de demanda. De acordo com pesquisa da Serasa Experian, a procura dos consumidores por crédito acumula queda de 2,5% nos dez primeiros meses deste ano. A FGV aponta que a confiança do consumidor caiu 1,5% em outubro em relação a setembro e atingiu o menor nível desde abril de 2009.

Além da desaceleração da economia e da elevação de juros, que encarece o crédito e desestimula o consumo, a queda na confiança do consumidor é explicada também pelas preocupações em relação ao mercado de trabalho. Apesar de a taxa de desemprego do IBGE continuar em queda, o fenômeno é explicado pelo contingente menor de pessoas procurando emprego.

Os dados mais recentes do Caged mostram que a geração de vagas formais em outubro foi a menor para o mês desde o início da série histórica, em 1999, com fechamento de 30.283 postos. Na indústria, que concentra os cargos mais qualificados, com salários melhores, o emprego acumula quedas consecutivas na comparação anual há 36 meses.

Essas demissões na indústria resultam em grande medida de estoques elevados. Um dos setores que enfrenta maiores dificuldades este ano é o automobilístico, cujos estoques, segundo a Anfavea, somavam 413,4 mil unidades em outubro, o equivalente a 40 dias de vendas.

Diante do cenário atual, as perspectivas do segmento para 2015 são de um ano um pouco melhor do que 2014, muito mais pela base fraca de comparação. Segundo o presidente da Anfavea, Luiz Moan, as vendas melhoraram na primeira quinzena de novembro, mas o consenso entre executivos de montadoras ouvidos pelo Broadcast no 28º Salão do Automóvel de São Paulo é de retomada de fato do setor apenas a partir de 2016.



Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.