Futebol

Colômbia sonha parar o Brasil

Copa


30/06/2014

 Foram 16 anos sem participar de uma Copa do Mundo, e o retorno em grande estilo começou a ser desenhado nas eliminatórias sul-americanas. A ótima campanha – apenas quatro derrotas em 16 jogos, com a vaga assegurada com uma rodada de antecedência – deixou a Colômbia atrás apenas da Argentina. Uma nova e talentosa geração tinha à frente a estrela Falcao García para liderar a seleção em seu quinto Mundial, no entanto, a grave lesão no joelho esquerdo sofrida pelo atacante em janeiro deste ano esfriou os ânimos. Submetido a uma cirurgia, ele não se recuperou a tempo, e o corte definitivo aconteceu no dia 2 de junho, quando a lista dos 23 convocados foi divulgada. Sem o seu principal jogador, os cafeteros chegaram ao Brasil como uma incógnita, mas após quatro partidas mostraram que são muito mais do que o atacante de 28 anos que atua no Monaco.

O grande desempenho na fase de grupos – com três vitórias em três jogos, nove gols marcados e dois sofridos – e a incontestável vitória sobre o Uruguai nas oitavas de final já garantiram a melhor campanha do país nas Copas – os colombianos haviam passado da primeira fase apenas em 1990, na Itália, sendo eliminados logo em seguida por Camarões. A talvez surpreendente, mas inegavelmente excelente campanha no Mundial é ilustrada na alegria dos jogadores em campo a cada gol marcado, com dancinhas lideradas pelo irreverente Armero. E é este time – que se diverte jogando bola, mas que joga bola com muita eficiência – que o Brasil terá pela frente na próxima sexta-feira, na Arena Castelão, em Fortaleza, na luta por uma vaga nas semifinais. E analisando os comandados de Jose Pekerman, do goleiro Ospina ao atacante Teófilo Gutiérrez, que herdou a camisa 9 de Falcao, é possível dizer que a Seleção terá de evoluir em relação ao que vem mostrando se quiser manter vivo o sonho do hexacampeonato.

Como equipe, a Colômbia chama atenção por duas características: a vocação ofensiva e a organização tática. A geração atual repete aquilo que Valderrama, Rincón, Asprilla e companhia gostavam bastante: partir para cima. Após os jogos deste domingo, a seleção cafetera tem o segundo melhor ataque, com 11 gols – foi ultrapassada pela holandesa, que chegou a 12 com a vitória por 2 a 1 sobre o México –, e é a quarta em finalizações certas, 33, ao lado da Suíça – perde apenas para Brasil (48), Holanda (41) e França (38). Os bons números são resultados diretos da organização tática promovida por Pekerman, que assumiu a equipe em 2012 e aos poucos trouxe disciplina ao grupo.

O mérito do trabalho do argentino de 64 anos é ressaltado por Gonzalo Maria, repórter da rádio RCN de Bogotá e que vive o dia a dia do futebol colombiano.

– Hoje, a Colômbia é uma seleção que, acima de tudo, é disciplinada taticamente. Ataca muito e tem bom passe, mas sabe se defender, sabe se recompor. E o responsável por isso é o Pekerman, que conhece como poucos o futebol colombiano, porque foi jogador no nosso país e agora é treinador. Ele também sabe usar as revelações. Não teria nome melhor para trabalhar com essa geração que demorou 16 anos para fazer a seleção ressurgir, que faz todo o povo sonhar alto na Copa do Mundo – afirma Maria.

Pekerman mudou também muita coisa fora das quatro linhas. Ao contrário de seleções que se concentraram em cidades de praia, para ter contato com o público, ele escolheu o CT do São Paulo em Cotia, que fica no meio do mato, para ficar em completo isolamento. Não espere que a Colômbia apareça em eventos da Fifa ou receba visitas – o esquema, no entanto, permite alguma folga, como a concedida neste domingo, quando os jogadores aproveitaram para passear com os familiares no Guarujá. Ainda assim, somente um treino foi aberto ao público, por exigência da Fifa, e os atletas não podem dar entrevistas exclusivas. Para terminar, na véspera de cada jogo o comandante sempre fecha um treinamento.

Taticamente, a Colômbia mudou a sua disposição para as oitavas de final. Até o duelo contra o Uruguai, havia sido usado o esquema 4-2-3-1, o mesmo do Brasil. No último sábado, entrou uma formação com dois homens de frente, já que Jackson Martínez fez dupla ofensiva com Teó Gutiérrez. Em alguns momentos, percebeu-se um losango com Sanchez atrás, Aguilar e Cuadrado abertos pelas pontas e James Rodríguez pelo meio, encostando nos atacantes.


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