Educação

Valor médio da mensalidade de faculdades cresce 4% em 2014 e alcança R$ 645


16/06/2014

O valor médio da mensalidade cobrada por instituições privadas de ensino superior no Brasil, em 2014, é de R$ 645. A quantia é praticamente 4% maior que o valor cobrado no ano passado. De todos os Estados brasileiros, Alagoas é o que o possui o menor valor médio de mensalidade (R$ 442). Já o Acre, foi o lugar onde houve o maior aumento no preço dos cursos. Lá, o valor médio da mensalidade subiu 17% em relação a 2013.

Os dados são da Análise Setorial do Ensino Superior Privado 2014, elaborada pela consultoria Hoper Educação. O estudo foi feito a partir de consulta a mais de 2 mil faculdades no País. "De uma maneira geral, os preços acompanharam uma recuperação inflacionária apenas. Enquanto as faculdades do Sudeste já atingiram um ponto de equilíbrio, no Norte e no Nordeste houve um crescimento maior pela demanda reprimida que ainda existe nessas regiões", diz Alexandre Nonato analista de mercado da Hoper.

Preço X Qualidade

Mesmo havendo esse crescimento de quase 4% de 2013 a 2014, o valor ainda é considerado baixo para os padrões de qualidade exigidos por um curso superior de graduação. Isso é o que afirma a professora de Ciências Políticas da Universidade de São Paulo (USP) Elizabeth Balbachevsky.

"O ensino superior de qualidade é mais caro do que isso. Com esse valor de mensalidade, não se consegue sustentar uma instituição com professores qualificados e com carga horária de ensino razoável. Essa quantia de R$ 645 já é um preço baixo para uma escola secundária, quem dirá para uma instituição de ensino superior ", diz Elizabeth.

Como o levantamento se foca no valor médio das mensalidades, dentro desse universo de instituições pesquisadas há ainda cursos com valores superiores ou inferiores. "Faculdades ‘premium’ como a Fundação Getúlio Vargas cobram bem mais do que isso. E entre os cursos mais baratos estão os de humanas, oferecidos no período noturno. Eles ficam na faixa de R$ 300 a R$ 200 por mês", explica Celso Frauches, consultor educacional da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), que representa cerca de 350 instituições privadas.

Muitos desses cursos de até R$ 300 têm como nicho estudantes das classes C e D. Eles são o público-alvo dos grandes conglomerados da educação superior no Brasil, grupos que montaram uma estratégia lucrativa para oferecer educação a baixo custo. A lógica inclui: operar no limite mínimo de professores mestres ou doutores exigidos pelo Ministério da Educação, que é de 33%; pagar valores muito baixos pela hora /aula e com contratos precário de trabalho – em vez da contratação direta, muitos docentes atuam por meio de cooperativas, o que exime a universidade dos vínculos trabalhistas; e criar salas superpopulosas, com quase uma centena de estudantes.

Licenciaturas

Parte considerável desses alunos atendidos pelas faculdades privadas é da área da Educação. Muitos deles conseguem ter acesso ao curso por meio de financiamentos privados ou público, via programas como o Programa de Financiamento Estudantil (Fies), por exemplo.

Há ainda aqueles estudantes que conseguem acessar a faculdade por meio de bolsas do Programa Universidade para Todos (ProUni), que banca integralmente ou parcialmente as mensalidades de alunos de baixa renda. Desde a regulamentação do ProUni em 2005, o curso de Pedagogia é o segundo com o maior número de formados. Perde apenas para Administração.

Esse quantitativo expressivo de matrículas em cursos baratos de Pedagogia é uma das causas que explica a baixa qualidade da educação básica no Brasil, afirma a professora da USP Elizabeth Balbachevsky.

"O setor privado é o grande formador de professores do ensino básico. E os cursos de licenciatura e de formação de professores estão entre os mais baratos. E são baratos porque não têm equipamentos, nem laboratórios didáticos. Além disso, os docentes são mal pagos e possuem baixa dedicação à instituição. E é nesse ambiente que são formados os professores no País. Trata-se de uma formação duvidosa e que contribui para a baixa qualidade do ensino no Brasil", diz Balbachevsky.



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