Futebol

Portuguesa ainda pode melar o campeonato

Suspenso


19/03/2014



 Apesar de a CBF ter confirmado na última terça-feira (18) a tabela do Campeonato Brasileiro de 2014 com o Fluminense na Série A, a Portuguesa ainda pode paralisar a competição e brigar pela vaga conquistada dentro de campo no ano passado.

Após duas derrotas na Justiça Desportiva – além das frustradas tentativas de torcedores que entraram na Justiça comum – o clube paulista pode esperar até o dia da abertura do Brasileirão, em 19 de abril, para entrar com uma liminar. A medida, no entanto, pode ser muito perigosa esportivamente.

Em entrevista ao R7, o presidente do Conselho do Instituto Brasileiro de Direito Desportivo, Luiz Roberto Martins Castro, disse acreditar que a o clube paulista já tenha desistido de disputar a elite do futebol brasileiro. Segundo o advogado, a Lusa não estaria disposta a encarar o risco de ser excluída de todas as competições nacionais.

— Particularmente, acho que a Portuguesa não tem argumento jurídico, e, como o risco de ela ser punida é grande, a diretoria deve estar avaliando com mais calma. Uma coisa é falar, no calor da emoção, que você vai processar. A chance de vencer um processo desses é muito pequena e a Lusa poderia ser suspensa de qualquer campeonato vinculado, direta ou indiretamente à CBF.

O presidente do Conselho considera que, por já ter perdido todas as ações anteriores, a Lusa tem consciência de que aspectos emocionais dificilmente serão levados em conta em um novo julgamento sobre a escalação irregular do meia Héverton.

— Na prática, houve um erro e a Lusa tem que pegar. Acabou sendo muito pesado, pois, foi resultado de uma verdadeira bagunça interna, mas não vejo como a Justiça possa ajudar. A Portuguesa já perdeu todas as suas ações, isso já mostra o caminho. O argumento usado por eles não é correto, na minha visão, e seria muito fácil de derrubá-lo. Ela não tem argumento jurídico, apenas ume espécie de argumento emocional. E ser o coitado da história não resolve nada no tribunal.

A opinião de Castro é muito semelhante a do Dr. Patrick Pavan, presidente da Comissão de Direito Desportivo da OAB-SP. Em contato telefônico, ele deixou claro seu descontentamento com a permanência do Fluminense na Série A, mas considerou que a Portuguesa não tem respaldo jurídico para recorrer às decisões.

— Eu tenho o entendimento de que tem de se respeitar o julgamento. Se você entrou no campeonato, assinou o acordo, as regras são claras, tem que se fazer cumprir o regulamento. Falo isso com dor no coração. Lamentável que foi o Fluminense [o beneficiado], que é o Rei do Tapetão. Entendo que esse caso foi um erro que a Portuguesa cometeu.

Patrick Pavan foi firme ao dizer que uma vitória da Lusa na Justiça comum representaria uma terrível derrota para a Justiça Desportiva. Foi ele, no entanto, quem reconheceu que a Portuguesa ainda tem condições de melar o Brasileirão.

— Isso abriria um precedente perigoso. Se uma bola entra e o juiz não dá, o time poderia pleitear o gol na Justiça comum. A Portuguesa é um time com muito carinho, que pode falar muito em ato sentimental, mas acho muito difícil recorrer à Justiça comum. O peso de uma decisão como essa é muito grande. Um time pode fazer isso a qualquer momento, entra com liminar, paralisa o campeonato e ninguém joga. Mas acho pouco provável.

O advogado João Zanforlim, que defendeu a Portuguesa nas derrotas nos tribunais, também falou à reportagem. Ele, no entanto, disse não saber se o clube tem planos de melar o campeonato, pois não trabalha mais para a equipe lusitana – atualmente, defende apenas os interesses do Corinthians.

Procurado pelo R7, o Departamento Jurídico da Portuguesa ainda não se pronunciou sobre o assunto.

O clube foi rebaixado por decisão do STJD por ter escalado o meia Héverton na última rodada do Brasileirão do ano passado, mesmo o atleta tendo sido suspenso.


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