Economia & Negócios

Governo da Argentina limita compra de moeda a US$ 2 mil por mês

tensão


27/01/2014



 Na manhã desta segunda-feira (27), o governo da Argentina anunciou que a compra de dólares pela população está limitada a US$ 2 mil por mês (o equivalente a cerca de R$ 4,8 mil). De acordo com as medidas de flexibilização do controle de câmbio do país, a compra será permitida para aqueles que ganham, no mínimo, 7.200 pesos (perto de US$ 900, ou cerca de R$ 2,1 mil) por mês.

"Poderão comprar até US$ 2 mil mensais todos os trabalhadores ‘monotributistas’ (profissionais) e autônomos (pequenos empresários) com receitas declaradas ante a Administração Federal de Receitas Públicas", disse o chefe de gabinete, Jorge Capitanich, em coletiva de imprensa.

Por meio de Capitanich, o governo argentino havia anunciado na sexta-feira (24) que permitiria a compra de divisas estrangeiras pela população para posse e economia, em um momento que o peso sofre a maior desvalorização em relação ao dólar em mais de uma década.

Na quinta-feira (23), a taxa de câmbio da Argentina sofreu o maior declínio diário desde a devastadora crise financeira de 2002. O peso, no mercado interbancário, fechou em queda de 11%, a 8 pesos por US$ 1, após ter recuado 3% na última quarta-feira (22), quando rompeu a barreira de 7 pesos por US$ 1. No mercado paralelo, a moeda americana era negociada por cerca de 13 pesos.

Capitanich explicou que a compra de dólares seria autorizada "de acordo com o fluxo de renda declarado".
Na sexta-feira, o governo também havia decidido diminuir de 35% para 20% a antecipação do imposto que incide sobre a compra de dólares para turismo e nas compras no exterior com cartão de crédito. No entanto, no domingo (26), voltou atrás e decidiu manter a taxa em 35%.

Queda do nível das reservas e temores

A desvalorização do peso argentino surpreendeu o mercado, uma vez que o Banco Central realizou intervenções diárias durante anos para evitar oscilações bruscas por temer a aceleração da inflação.

Os dólares têm sido escassos na Argentina por causa da fraqueza de suas exportações, do baixo nível de investimento externo devido à desconfiança quanto à economia e pela falta de acesso aos mercados de crédito internacionais após o enorme default em 2002.

O governo da presidente Cristina Kirchner havia imposto no fim de 2011 um duro controle cambial para frear uma fuga de capital. Porém, as restrições não evitaram que as reservas do banco central tivessem redução de mais de 30% desde o início de 2013. As medidas também geraram incertezas que acabaram enfraquecendo a economia.

Na quinta-feira, o BC perdeu U$ 180 milhões de suas reservas, que caíram para US$ 29,263 bilhões, o menor nível desde o início de novembro de 2006. O nível de divisas no BC é crítico para o governo, que as utiliza para honrar suas dívidas em moeda estrangeira.

"Como está o mercado hoje, é impossível que o governo ou o Banco Central liberem o controle cambial porque a demanda por dólares supera amplamente a oferta. E as reservas estão diminuindo", disse à Reuters, na ocasião, o ex-presidente do banco central argentino, Aldo Pignanelli.



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