Futebol

Jogador brasileiro no Marrocos ‘prende’ noiva em casa por medo de radicais

Receio


12/12/2013



 Pedro Beda é mais um dos milhões de brasileiros que sonham em se tornar jogador de futebol. E foi em busca desse sonho que ele chegou ao Marrocos para defender o Khouribga. No país há quatro meses, ele ainda se adapta à cultura islã e admite sentir medo do radicalismo religioso. Tanto é que não deixa sua noiva, a bela holandesa Elles Akkerman, sair na rua sozinha.

Na pequena Khouribga, as mulheres só andam nas ruas ao lado de seus maridos e com o corpo coberto por lenços e roupas largas. E, claro, passam longe dos estádios de futebol.

A cidade não se compara às cosmopolitas Marrakech e Casablanca que recebem muitos turistas durante o ano e são bem mais abertas para culturas e religiões ocidentais. Por isso, o conservadorismo da cidade de 172 mil habitantes assusta um pouco o atleta.

"Eles são muito conservadores com os costumes deles. Não pode ficar beijando na rua, andando de mão dada. Em cidade grande ainda tem muito turista, mas aqui os costumes são antigos. Não deixo ela ficar saindo sozinha, no máximo pode ir ao mercado", disse.

"Eu não sei a criminalidade, se tem muito estupro, eu não sei, graças a Deus nunca aconteceu nada, mas é melhor prevenir. Estou em um lugar diferente do meu país e estou sozinho aqui", completou.

O jogador, aliás, evita falar publicamente sobre o seu real estado civil e diz que os dois são casados. "As pessoas podem não entender o fato de eu morar junto com a namorada", diz ele que planeja a oficialização da relação no início do ano na Holanda.

Apesar do receio com a diferença cultural, Pedro se considera bem adaptado ao país e está feliz por ser a sede do Mundial de Clubes em que jogará um de seus ídolos: Ronaldinho Gaúcho. Pedro já até tietou o craque quando seu antigo time o Heerenveen-HOL enfrentou o Milan. Agora, se tiver a chance, quer tirar uma nova foto quando o campeonato for interrompido para a disputa do Mundial.

Por enquanto ele está focado no Khouribga. Mais feliz, vem ganhando espaço no time que disputa o Campeonato Marroquino, mais conhecido como Botola, depois de amargar a reserva. Sua maior dificuldade é o idioma, já que no seu time apenas dois atletas falam inglês, algo raríssimo na cidade. "Todo mundo só fala em árabe e francês. Tem que ir no gesto, na brincadeira, eles falam francês e eu tento entender, tinha um que falava um pouco de espanhol. Brasileiro se vira. Mas às vezes é complicado pagar uma conta de internet", conta.

Se brasileiro se vira, Pedro é especialista no assunto. Desde que deixou as categorias de base do Flamengo e do Corinthians, se aventurou por times pequenos da Europa e do interior do país. Encontrou dificuldades com técnicos e foi iludido por empresários.

A situação mais difícil que viveu foi em Portugal quando sofreu com problemas pessoais. Seu avô teve câncer, perdeu o bisavô e soube que seu irmão levou um tiro ao ler uma notícia na internet. "Minha família não quis me contar para que eu não ficasse preocupado e só pensasse no futebol. Mas na hora que eu li eu quase caí para trás. Graças a Deus está tudo bem. Atingiu a perna, se fosse cinco centímetros acima poderia ter complicado ".

Depois das dificuldades, Pedro espera se firmar na equipe e conquistar uma chance em um clube grande da Europa. Mas seu maior objetivo é um dia voltar a vestir a camisa do Flamengo. "Já joguei na base com o Maracanã lotado. É um sonho".


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