Economia & Negócios

Ex-office-boy fatura R$ 5,4 milhões por mês com máquinas para padarias


11/09/2013

Aos 14 anos, João Gomiero trocou a pequena Uru, no interior paulista, pela cidade de São Paulo. A família enfrentava dificuldade e decidiu apostar na mudança para a capital na tentativa de se erguer financeiramente. A partir dos 17 anos, o rapaz começou a trabalhar como office-boy para ajudar no orçamento. Hoje, aos 72 anos, administra a Ferri, uma das maiores empresas de panificação do Brasil. Por mês, a empresa fatura em média R$ 5,4 milhões.

Gomiero começou no mercado de trabalho fazendo cobranças e entregas em uma empresa de panificação. Um dia ele foi chamado para fazer a venda de uma máquina no interior. Para a surpresa dos líderes, voltou não só com aquele pedido fechado, mas dois adicionais. Foi promovido a vendedor no mesmo dia.

“Comecei ganhando um salário mínimo [atualmente R$ 678] e passei a receber o equivalente a R$ 30 mil por conta das comissões”, recorda.

Em 1969, já estabilizado financeiramente, Gomiero iniciou sua trajetória empreendedora com a Superfecta Bandeirante, empresa do ramo de panificação que abriu com um antigo colega de trabalho.

O negócio acabou fechando 28 anos depois devido a desentendimentos entre os sócios. A persistência do empresário, contudo, fez com ele tentasse empreender novamente, desta vez com seu filho e seu genro, na Ferri.

A primeira fábrica foi inaugurada em 1997, na Vila Prudente, em São Paulo. Hoje, a empresa já possui três unidades de produção localizadas nas proximidades do escritório. Com o crescimento do negócio, Gomiero planeja a expansão física da companhia.

“Estamos procurando terrenos em Atibaia [interior de São Paulo] para construir uma fábrica grande. Atualmente, temos três unidades pequenas, totalizando 3 mil metros quadrados, o que dificulta a expansão da produção”, justifica o administrador.

Com 85 funcionários, a empresa produz 80 fornos e 200 máquinas por mês e vende as unidades por um valor médio de R$ 30 mil e R$ 15 mil, respectivamente, — o que totaliza um faturamento médio de R$ 5,4 milhões ao mês. A empresa também exporta para Chile, Paraguai e Estados Unidos.

“Visitei muitas padarias estrangeiras quando era vendedor e cheguei a um produto único aqui no Brasil: um forno pequeno com câmaras sobrepostas que permite assar vários pães e ocupa pouco espaço na padaria [veja a foto acima]”, explica Gomiero.

O crescimento da Ferri está alinhado com a tendência do mercado. O setor de panificação no Brasil cresceu 11,6% em 2012 e é responsável por 2% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, de acordo com dados da Fipan, maior feira de Panificação e Confeitaria da América Latina, evento do qual Gomiero participa todo ano como expositor.

“É um mercado que atende 55 milhões de clientes no Brasil. Em São Paulo, vendemos 15 milhões de pãezinhos diariamente”, afirma Antero José Pereira, presidente do Sindicato e da Associação dos Industriais de Panificação e Confeitaria de São Paulo (Sampapão).

Para Gomiero, apesar do bom momento do setor, seu passado como office-boy foi definitivo para o sucesso da empresa. “Foi o meu primeiro emprego que me levou à panificação e também foi com ele que fiz amizades essenciais para estruturar o que eu tenho hoje”, orgulha-se o fundador da Ferri.



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