Notícias

Atores fazem encenação em frente à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro para

rio de janeiro


13/08/2013

A ONG Rio da Paz fez, na manhã desta terça-feira (13), um ato em frente à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), no Centro da cidade. Com pneus, o grupo fez uma réplica do chamado "forno micro-ondas", simbolizando as vítimas de desaparecimento que tiveram o corpo queimado. O ato foi realizado durante uma audiência pública sobre os casos dos desaparecidos no estado, criada pela Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj.

"Um manequim coberto com véu e com máscara foi levado para a sala onde estava sendo realizada a audiência como lembrança às autoridades públicas presentes da grave e inaceitável prática criminosa", contou o presidente da ONG Rio de Paz, Antônio Carlos Costa.

Um pouco antes, um grupo de oito atores também fez uma encenação em frente à Alerj para alertar sobre as pessoas desaparecidas no estado. "A gente como artista quer chamar a atenção da população para este problema. É uma intervenção artística. O Amarildo teve muita repercussão da mídia, mas há muitos desaparecidos", disse a atriz Thayla Ayala, que integra o grupo chamado "Fazer o certo", lembrando o ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, desaparecido desde o dia 14 de julho, após ser abordado por policiais da Unidade de Polícia Pacificadora da Rocinha.

A mulher de Amarildo, Elisabete Gomes da Silva, também está na Alerj para participar da audiência pública. "Eu só quero saber onde está o meu marido. Meu marido sumiu e não tenho nenhuma resposta, ninguém sabe de nada. Eu não tenho mais esperanças de que ele volte [vivo]. Ele sumiu, evaporou e ninguém sabe. Estou tendo forças para continuar e lutar com apoio de Deus e dos amigos", afirmou.

A irmã de Amarildo, Maria Eunice Dias Lacerda, também falou em nome de outros desaparecidos. "Não é só o Amarildo que está desaparecido. São muitos outros também. Precisamos dar um basta. A gente precisa se unir. Eu espero que essa audiência ajude a esclarecer o que a gente quer saber, que são esses crimes todos sem solução", disse.

"Sem informação não dá para avançar. É preciso ter uma política pública específica em relação a essas pessoas", afirmou o ator Pedro Valério, que também faz parte do grupo "Fazer o certo", que conta com cerca de 40 integrantes.

Segundo o presidente da ONG Rio de Paz, mais de 35 mil pessoas desapareceram no estado do Rio entre 2007 e 2013. "A dignidade da vida humana precisa ser respeitada. Temos medo que casos de homicídios sejam colocados no número de desaparecidos", afirmou Costa.

O presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj, deputado Marcelo Freixo (Psol), afirmou que foram quase seis mil pessoas desaparecidas em 2012. "A gente não tem política pública para isso. Queremos dados mais qualificados. A ausência destas informações não nos permite um avanço no diagnóstico", avaliou Freixo. "Essa audiência na Alerj já estava marcada antes do desaparecimento do Amarildo. A Secretaria de Seguranca falar apenas que são seis mil desaparecidos é muito preocupante", completou ele, lembrando ainda do caso do desaparecimento da engenheira Patricia Amieiro.

O empresário Adriano Amieiro, irmão de Patrícia, também participou da audiência. "O corpo da minha irmã foi alvejado de tiros e a gente aguarda o julgamento. Estamos nessa luta há cinco anos. Esperamos que as autoridades deem um novo rumo porque quando não há corpo, não há crime. A legislação para ocultação de cadáver tem que ser mais rígida", afirmou.

Ato no Dia dos Pais
Na manhã de domingo (11), data em que foi comemorado o Dia dos Pais, amigos, parentes e artistas se reuniram para protestar contra o sumiço de Amarildo. A manifestação, que durou uma hora, aconteceu no acesso à Favela da Rocinha, em São Conrado, na Zona Sul do Rio, onde ele morava.

Entre os artistas presentes, estavam as atrizes Thayla Ayala, Fernanda Paes Leme e a diretora Paula Lavigne.

Para Fernanda Paes Leme, a causa não é só da comunidade, mas sim de toda a população. "Eu vim dar um beijo nos filhos dele e em todos. A gente não pode deixar de ter uma resposta. Acho que essa mobilização é de todos, não só da comunidade. Não podemos deixar isso se apagar mesmo. Onde ele está? Já tem um mês e a gente precisa dessa reposta. A gente está de saco cheio já. São pessoas, a gente não pode brincar com isso", disse a atriz.

O ato também contou com a presença de amigos e familiares do pedreiro, como os filhos e a esposa dele, Elisabete Gomes da Silva. Familiares de Amarildo puderam contar também com o apoio de parentes da juíza Patrícia Acioli, assassinada com 21 tiros na porta de casa em agosto de 2011, de membros da Anistia Internacional, além do presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), deputado Marcelo Freixo.


Em cumprimento à Legislação Eleitoral, o Portal WSCOM suspende temporariamente os comentários dos leitores.