Futebol

Luxemburgo e Muricy estão sem pressa de voltar ao trabalho

ao trabalho


22/07/2013



Muricy Ramalho e Vanderlei Luxemburgo, os dois treinadores mais vitoriosos em atividade do futebol brasileiro, estão desempregados. Mas isso não lhes tira o sono. O fato de terem sido demitidos recentemente do Santos e do Grêmio não abalou a confiança dos dois. Eles também não se preocupam com os altos índices de rejeição que enfrentam em alguns clubes nem com a noção geral de que são caros.

"Não vou assinar contrato para ficar um mês. Sei que serei escolhido, mas também vou escolher. Consigo ter uma boa visão do futebol para escolher um time que vai ser campeão", diz Muricy.

Luxemburgo não está pensando em recolocação. Segundo sua assessoria, o treinador está viajando para o exterior com a família e voltará apenas na semana que vem. "Ele decidiu dar um basta no futebol por enquanto", diz um amigo do treinador.

Muricy tem motivos mais concretos para se sentir tão confiante. Quatro, mais precisamente. Os títulos que conquistou no Santos, seu último clube, entre 2011 e 2012 (dois no Campeonato Paulista, um na Libertadores e um na Recopa).

Luxemburgo está numa sinuca de bico. No Grêmio, teve reforços de ponta como Barcos, André Santos e Vargas, mas acabou eliminado pela Santa Fé na Libertadores. "Ele cometeu erros imperdoáveis, que são um sinal de superação. Ele foi um grande treinador, mas talvez não seja mais", avalia Paulo Santana, colunista do jornal gaúcho Zero Hora. "O Muricy conquistou quatro títulos, enquanto o Luxemburgo vem patinando. Hoje o Muricy é mais comercial do que ele", analisa Mário Sérgio Pontes de Paixa, comentarista do canal de tevê Fox Sports.

Antes de fracassar no Grêmio, onde não conquistou nenhum título, Luxemburgo nem esquentou o banco em outros clubes e teve passagens curtas pelo Flamengo e Atlético Mineiro. O último título foi o Carioca de 2011.

Maurício Duque, presidente do Rio Branco (ES), clube no qual Luxemburgo conquistou o primeiro título de sua carreira em 1983, acha que é o momento de o treinador rever seus conceitos. "Acho que ele está em um momento de repensar e reciclar algumas ideias", diz o dirigente.

ALTOS SALÁRIOS

Pesa sobre os dois treinadores o rótulo de que são caros, com salários que oscilam entre R$ 600 mil e R$ 700 mil. "A economia do País não permite que um clube pague R$ 700 mil para um treinador, a não ser que o dirigente seja irresponsável. Portanto, se quiserem continuar no mercado, vão ter de repensar seus salários", diz Neto, comentarista da Band.

Muricy rebate e diz que não foi procurado pelo São Paulo depois da demissão de Ney Franco e, por isso, não pode ser considerado caro. "Quando você vai comprar um carro, você pergunta o preço. Não me perguntaram nada."

Os dois não estão entre os 20 mais bem pagos do mundo da revista France Football divulgado no início do ano. Estão lá Abel Braga, do Fluminense, que recebe um contracheque anual de 3,5 milhões de euros (R$ 10 milhões) e Paulo Autuori, com 3 milhões de euros (R$ 8,8 milhões) quando trabalhava no Catar.

Além dos vencimentos, Luxemburgo tem uma comissão técnica numerosa. Para todo clube que vai, leva muita gente. Nos nove meses em que ficou no Atlético-MG, o técnico contratou oito nomes, entre eles, o ex-árbitro Wágner Tardelli como instrutor de arbitragem.

Por isso, a taxa de rejeição aumentou. Assim que trocou Jorginho por Mano Menezes, o Flamengo fez questão de dizer que Luxemburgo não estava nos planos. No São Paulo, Juvenal Juvêncio fez o mesmo. O Santos tentou dois estrangeiros (Marcelo Bielsa e Gerardo Martino) antes de se virar com o Claudinei Oliveira. Nem cogita recontratar Luxemburgo, que levou o clube ao título brasileiro em 2004 e ao bicampeonato paulista em 2006 e 2007.

TÍTULOS DE MURICY RAMALHO
1 Libertadores – Santos (2011)
1 Recopa Sul-Americana – Santos (2011)
4 Brasileiros – São Paulo (2006 a 2008) e Fluminense (2010)
7 Estaduais – 3 Paulistas, 2 Pernambucanos e 2 Gaúchos

PRINCIPAIS TÍTULOS DE VANDERLEI LUXEMBURGO
1 Copa América
5 Brasileiros – Palmeiras (1993 e 1994), Cruzeiro (2003), Santos (2004) e Corinthians (2008)
1 Copa do Brasil – Cruzeiro (2003)
10 Estaduais – 7 Paulistas, 1 Carioca e 2 Mineiros


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