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Planejamento para visita do Papa está pronto, diz Beltrame

do Papa


18/07/2013

O secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, afirmou na manhã desta quinta-feira (18) que "não há um manual" de segurança de como atuar em situações de "turba ou confusão", como classificou o tumulto da noite de quarta em manifestação na Zona Sul, que ocorreu em paz na maior parte do tempo e acabou com confronto e atos de vandalismo (veja a íntegra da entrevista das autoridades no vídeo ao lado).

"Existem protocolos e maneiras de você atuar dentro de manifestações planejadas. Não há um protocolo no mundo para se atuar em turba ou confusão", disse o secretário (assista à reportagem do Bom Dia Brasil no vídeo ao lado com imagens exclusivas de atos de vandalismo, saques e depredações).
Segundo Beltrame, a polícia tem que agir de forma fria durante as manifestações. "Não há um manual, nada mágico para você resolver a situação como ontem. Está na capacidade e poder de discernimento para agir neste contexto."

O governador Sérgio Cabral convocou uma reunião de emergência no Palácio Guanabara, em Laranjeiras, para discutir a atuação das forças de segurança nas manifestações. Além dele e de Beltrame, participaram a chefe da Polícia Civil, Martha Rocha; o comandante da PM, coronel Erir da Costa Filho; o chefe do Estado-Maior da PM, coronel Alberto Pinheiro Neto; e os secretários da Casa Civil, Regis Fichtner, e de Governo, Wilson Carlos Carvalho.

Beltrame disse que o campo operacional irá fazer mudanças na ação da PM, mas rebateu as acusações de abusos cometidos pela polícia. "Para tachar alguém de ter cometido excesso, eu preciso dar o direito a ampla defesa. Sindicâncias são abertas para ter o efetivo apuratório", afirmou o secretário, garantindo que, se constatado excessos, haverá a punição devida, "seguindo os procedimentos normais da corporação".

Planejamento para o Papa ‘está pronto’

O secretário disse ainda que o planejamento para a visita do Papa está pronto. "Ele tem um protocolo. A gente sabe o que vai acontecer na agenda desta autoridade", afirmou. "A questão da manifestação é diferente, a PM está adaptando, porque não há uma agenda coordenada. A gente está atento, mas tem que ver quando vai acontecer, se isso vai acontecer, porque a gente não tem esta informação."

‘Nossa ação não deu certo’

O comandante da Polícia Militar, coronel Erir Costa Ribeiro, afirmou que "é impossível" não usar munições menos letais durante os protestos. "O gás lacrimogêneo, que todo mundo reclama, é o menos letal. O gás é para dispersar os vândalos. E falam para nós não usarmos o gás. E nossa ação não deu certo. Esse pacto, que foi feito com as autoridades, não deu certo."

"Depois da farda aqui, somos policiais militares. Mas somos cidadãos também. Se a PM não estiver ali, é anarquia. E todos temos que ter responsabilidade. Ninguém sabe quem está por trás", disse o comandante, confirmando que a PM vai "repensar" a atuação depois do cenário de tumulto registrado ontem.

Erir Ribeiro destacou ainda a dificuldade de dialogar com os manifestantes devido à ausência de um líder e afirmou que os profissionais de imprensa descaracterizados dificultam saber quem é jornalista. "Você sabe quem é o policial militar, eu estou identificado. Mas hoje a própria mídia não está identificada. É novo, e esse novo, todo mundo precisa aprender."

O coronel Alberto Pinheiro Neto, chefe do Estado-Maior da PM, também disse que o acordo que houve entre PM e manifestantes, para não usar o gás no protesto, não deu certo. Segundo ele, a PM ainda está analisando as técnicas que serão usadas de agora em diante, trocando informações com outras partes do mundo. Ele falou que a PM foi atacada e só agiu depois disso.

Em entrevista à rádio CBN, o coordenador de Direitos Humanos do Ministério Público, Marcio Mother, que esteve presente na manifestação, disse que os "protestos se transformaram em tumulto e baderna". Segundo ele, há pessoas infiltradas com "más intenções", obrigando a polícia a agir. Mother disse que não viu excessos na ação da PM.

A delegada-chefe da Polícia Civil, Martha Rocha, diz que há prisões de vândalos. Segundo ela, foram identificadas 16 pessoas por incitação ao crime. Ela afirmou que a polícia segue investigando, mas que as prisões pelos crimes que ocorrem – vandalismo, formação de quadrilha e incitação ao crime, dano, desacato e lesão corporal – preveem fiança ou dependem de representação.

Manifestação acaba em confronto

Na noite de quarta-feira (17), uma manifestação na Zona Sul do Rio de Janeiro terminou em confronto com a polícia. Imagens do Bom Dia Brasil mostram atos de vandalismo nos bairros do Leblon e de Ipanema, que amanheceram com marcas de destruição. Agências bancárias e caixas eletrônicos foram atacados, lojas foram saqueadas e fogueiras foram feitas com lixo e papel, interditando várias ruas no entorno da avenida Ataulfo de Paiva, no Leblon, e da rua Visconde de Pirajá, em Ipanema.

O Batalhão de Choque da Polícia Militar utilizou dezenas de bombas de gás para dispersar o protesto. Segundo a PM, pelo menos 1000 pedras portuguesas foram retiradas da calçada por manifestantes. Quatro PMs ficaram feridos com pedradas. Outra policial foi ferida nas costas por uma bomba de fabricação caseira. O número de manifestantes feridos é desconhecido.

O protesto iniciou de maneira pacífica e ocorreu sem problemas durante a maior parte do tempo. Em coro, manifestantes gritaram palavras de ordem contra o governador. Uma barreira de policiais militares impediu a aproximação das pessoas do prédio onde Cabral reside.

De acordo com a página convocando a manifestação na internet, o grupo reivindica CPIs da Delta, da Copa e do Helicóptero (cujo uso por Cabral é investigado pelo Ministério Público). Os manifestantes também são contrários à privatização do Maracanã, ao fim do antigo Museu do Índio, às remoções compulsórias e às privatizações por conta da Copa. Pedem ainda a desmilitarização da polícia e o impeachment de Cabral e do vice-governador, Luiz Fernando Pezão.

Por volta das 7h desta quinta, a rua Aristides Espínola, onde mora Cabral, tinha policiamento reforçado, com grades nas calçadas. Em Ipanema, onde também houve depredação de lojas e agências bancárias, vários carros da PM estavam no local.

Cabral culpa opositores

Em nota, o governador Sérgio Cabral declarou após as manifestações que "a oposição busca antecipar o calendário eleitoral criando constrangimentos à governabilidade". "O governador, legitimamente eleito por 67% dos votos no 1º turno nas ultimas eleições, reitera o seu compromisso de continuar a manter o Rio de Janeiro na rota do desenvolvimento social e econômico", diz o comunicado. A acusação foi rebatida por possíveis concorrentes à eleição em 2014, segundo reportagem do O Globo.

Cabral não participou da entrevista coletiva após a reunião com a cúpula de segurança do Rio. Ele disse que o secretário Beltrame tinha expressado a opinião do governo.

Lojistas lamentam prejuízo

Proprietários e funcionários de lojas atacadas na noite de quarta-feira mostram perplexidade, indignação e muita tristeza com a destruição encontrada. A loja de roupas Toulon, na esquina da avenida Ataulfo de Paiva com a Aristídes Espínola, por exemplo, foi totalmente saqueada depois de ter as vidraças destruídas.

Com lágrimas nos olhos, o diretor da marca, Mario Gabão, orientava a colocação das portas de madeiras improvisadas e recebia a solidariedade de moradores do bairro. Uma jovem, que preferiu não se identificar, ofereceu fotos que tirou com seu celular na hora em que a loja era depredada e saqueada. Numa das imagens aparece um jovem carregando roupas (leia mais depoimentos sobre as depredações).


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