Política

Governo Federal perdoa dívidas de países africanos, mas executa agricultores nor


28/05/2013

O deputado Trócolli Júnior (PMDB) repercutiu, nesta terça-feira (28), durante sessão na Assembléia Legislativa da Paraíba (ALPB), artigo do radialista Antônio Malvino criticando o fato do Governo Federal ter anunciado o perdão de R$ 900 milhões de dólares em dívidas dos países Africanos e não faz o mesmo com os agricultores do Nordeste que podem perder suas propriedades por conta de dívidas com os nacos estatais, a exemplo do BNB (Banco do Nordeste).

Trocolli disse que é ‘ganância dos bancos’ para com os agricultores nordestinos é absurda. Segundo o deputado, se o governo pode perdoar as dívidas dos países africanos, por que não poder adotar a mesma postura com o nordestinos. “Isso não vai quebrar a nação”, disse.

O deputado também pediu que o editorial fosse colocado nos anais da Casa de Epitácio Pessoa.

Veja o artigo na íntegra abaixo:

PERDÃO LÁ E COBRANÇA CÁ

Antonio Malvino – 27-05-2013

O governo do PT, ao longo dos últimos 10 anos, tem dado uma atenção mais que especial em sua política externa aos países da África. Foram incontáveis as viagens que o ex-presidente Lula fez àquele continente, perdoando dívidas de nações pobres contraídas junto ao Estado brasileiro e não está sendo diferente com a sua sucessora – Dilma Roussef.

A presidenta, em sua terceira visita à África desde que tomou posse no cargo, anunciou na Etiópia, no último final de semana, onde participou como convidada especial das comemorações dos 50 anos da União Africana, a anulação de 900 milhões de dólares em dívidas de países do continente. Dos 12 que terão seus débitos perdoados, os principais beneficiados serão a República do Congo, com uma dívida de 352 milhões de dólares cancelada, e a Tanzânia, com 237 milhões de dólares.

É um volume maior do que as dívidas contraídas por pequenos agricultores brasileiros junto a bancos oficiais – que há muito lutam por um perdão ou mesmo uma negociação flexível, com juros baixos e correção mínima, mas não conseguem nada do governo. Se eles fossem africanos – e não nordestinos como são a maioria, já estariam perdoados. O que está acontecendo é que grande parte dos devedores está sendo executada judicialmente e vai perder tudo que deu de hipoteca, como a propriedade, casa, máquinas e até animais domésticos.

Isso está acontecendo até em pleno período de seca, uma das mais violentas dos últimos 50 anos na região Nordeste. Pequenos proprietários rurais estão já cansados de tanto fazer protesto e pedir ao governo que ponha um freio na ganância dos bancos, mas quase nada é feito para amenizar a situação. Pergunta-se: Porque o Governo tem condições de perdoar mais de 2 bilhões de reais de dívidas de países africanos – e não faz o mesmo com os débitos dos agricultores, que estão sem a mínima condição de pagar seus financiamentos agrícolas obtidos junto ao Banco do Nordeste, Banco do Brasil e demais bancos oficiais?
Será que o país iria quebrar?

Claro que não. Afinal, o Brasil tem dinheiro de sobra para socorrer e financiar obras em países como Cuba, Bolivia, Venezuela, Haiti e tantos outros da África e porque não tem para atender questões internas? Alguém pode alegar que uma coisa não tem nada a ver com a outra, porque se trata de uma questão política externa, mas tem sim, porque a lógica manda só atender os de fora quando os de casa estiverem protegidos e em situação confortável. Não é esse o nosso caso. Assim sendo, para o governo brasileiro é melhor matar a fome de um africano do que encher a barriga de um pobre miserável nordestino. Vá lá entender de gestão pública…



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