Paraíba

Movimento dos Sem Teto acusa Estado de descumprir acordo

Campina Grande


02/04/2013



 Famílias que estavam residindo no Conjunto Residencial Colinas do Sol, localizado por trás do Detran, em Campina Grande, denunciam que o Governo do Estado descumpriu um acordo, enviando policiais para a desocupação do local. Ao todo, 385 famílias foram retiradas, sendo acompanhadas por diversos policiais.

Segundo um dos líderes do Movimento dos Sem Teto, Alessandro, o ato determinado pela Cehap foi “covarde”, porque, de acordo com ele, houve uma reunião entre uma comissão de moradores e dirigentes da Cehap, a exemplo da presidente estadual do órgão, Emília Correia Lima “e houve um compromisso que não haveria intervenção da Polícia”.

Através de um vídeo, ele denuncia a pressão por parte do Governo do Estado para a desocupação das casas. “Nós estamos sofrendo pressão da parte do governo. Estamos sendo pressionados pela polícia. A polícia, certo dia, invadiu minha casa e tentou me matar”, disse. “Não sou vagabundo, sou honesto e uma pessoa de bem e quero dizer para o governo atual, que procura a gente só de 4 em 4 anos, que tenha misericórdia da gente, que tenha pena da gente, que aqui tem pai de família, tem mãe de família, tem deficiente, tem pessoas que precisam”.

Alessandro também confirmou que o conjunto está abandonado, pois era para ter ficado pronto há mais de 5 anos. “Essas casas já eram pra ser entregues há mais de cinco anos (…) hoje está todo mundo aqui sofrendo pressão, as famílias estão todas tensas, sofrendo pressão, estão querendo que a gente saia, a Cehap nos prometeu que em seis meses iria nos dar casa, não nos passaram nenhuma documentação e a decisão para que a gente saia daqui pacificamente é que ela assine um documento comprovando que a gente vai ter direito a casa porque isso é um direito constitucional e todo mundo tem direito a casa, como ser humano, é um direito de todos”.

Conjunto abandonado pelo Estado

Alessandro afirmou que as famílias só decidiram ocupar as casas porque o conjunto estava abandonado. “Nós aqui não estamos invadindo nada não, estamos ocupando uma coisa que estava abandonada pelo governo, pois veio verba e, infelizmente, a Cehap comeu”, disse ele.

Através do Facebook a Cehap, respondendo a uma beneficiária de uma das casas, disse: “A Cehap está tomando as medidas judiciais cabíveis para retirar as famílias invasoras. Os beneficiários escolhidos não serão prejudicados. O processo está na justiça e assim que a decisão sair as pessoas serão retiradas das casas”, disse a Cehap, através do seu perfil no Facebook.

Para o Movimento, a nota da Cehap demonstra duas situações: a primeira é que, ao usar o termo “beneficiários escolhidos” o órgão abre margem para especulações sobre os critérios utilizados pelo Governo do Estado para a distribuição das moradias. Segundo, porque o discurso é totalmente o oposto do que foi colocado pelos diretores do órgão, na reunião com os ocupantes atuais.



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