Economia & Negócios

Bolsas europeias operam em baixa por instabilidade na eleição na Itália

devido a Itália


26/02/2013



Os países europeus observam com preocupação a nova situação política na Itália. O Ministério do Interior confirmou nesta segunda-feira (25), com 99,9% dos votos contados na eleição parlamentar, que a centro-esquerda liderada por Pier Luigi Bersani conquistou o controle da Câmara, mas o Senado ficou dividido, confirmando o impasse político no país em crise financeira.

As principais Bolsas da Europa operavam em forte baixa nesta terça-feira (26) em consequência da incerteza política provocada pelas eleições legislativas na Itália. Em Milão, índice FTSE Mib registrava queda de 4,43%. A Bolsa de Londres operava em baixa de 1,40%, enquanto Frankfurt perdia 1,17% e Paris recuava 2,79%. Na Ásia, a situação da Itália também afetou o mercado. A Bolsa de Tóquio fechou em queda de 2,26%.

‘Boom de Grillo’

A incerteza é tal que jornais já falam da possibilidade de novas eleições acontecerem. ‘Parlamento bloqueado’, ‘Itália ingovernável’ e ‘Boom de Grillo’ são algumas das manchetes nesta terça-feira (26) da imprensa.

O principal jornal da Itália, o ‘Corriere della Sera’, destacou um ‘voto de choque’ e um Parlamento sem maioria.

Em um editorial, o ‘Corriere della Sera’, jornal de centro-direita, ressalta o sucesso de Beppe Grillo, o líder de um movimento antissistema que soube canalizar a frustração de parte do eleitorado ante os partidos tradicionais. ‘É a vitória de uma Itália eurocética frente à política de austeridade econômica’, afirma.

O jornal ‘La Repubblica’ também cita uma Itália ‘ingovernável’ e destaca ‘o forte aumento dos votos para Berlusconi’, que todos davam como derrotado desde sua saída do poder em novembro de 2011, assim como o ‘fiasco de Mario Monti’, que lançou a candidatura à frente de um ambicioso movimento de ‘novo centro’. ‘Nas ruínas subsiste um Parlamento dificilmente governável e um Parlamento altamente inflamável’, afirma o jornal em um editorial na primeira página.

A publicação ressalta o ‘gosto amargo de uma vitória quase simbólica da esquerda, que ganhou graças a um punhado de votos e não é autossuficiente no Senado, inclusive com a inútil muleta de Monti’.

O jornal ‘La Stampa’ comenta sobre o ‘Parlamento bloqueado’. ‘A Itália real expressou seu mal-estar. Ouvimos as vozes e as histórias dos que não encontram trabalho, não chegam ao fim do mês com sua pensão, pensam que não têm futuro e fogem para o exterior’

Zona do Euro
A estabilidade do euro e a incidência dos resultados do pleito nas políticas de austeridade na Itália geram grande preocupação em toda a zona do euro.

O jornal ‘Süddeutsche Zeitung’ afirma que ‘o pleito italiano deu uma lição especial a todos os que participam da crise do euro: quem duvida perde; quem pechincha é castigado, panos quentes não valem’.

Já o ‘Frankfurter Allgemeine’ afirma que ‘poucas vezes se viu um país imerso em uma profunda crise dominado por tanto barulho espetacular’, e assinala Grillo e Berlusconi como os responsáveis pela ‘ingovernabilidade do país’.

‘Metade dos italianos votou em candidatos que se apresentaram como antieuropeus de maneira agressiva. Isso, não só para a Itália, é um sinal de alarme’, assinala o jornal.

No Reino Unido, a preocupação com o futuro econômico da eurozona aparece refletida no jornal ‘Financial Times’, que ressalta que os italianos deram um ‘basta’ às medidas de austeridade devido à queda dos salários e das pensões e ao forte aumento do desemprego.

O diário ‘The Guardian’ diz que o ponto morto no qual se encontra a Itália faz os países da eurozona ‘tremerem’ e gera a tensão pela possibilidade de o programa de austeridade do primeiro-ministro demissionário, Mario Monti, ficar ‘paralisado’.

O ‘The Times’ traz nesta terça-feira o título de ‘Temor para a eurozona’, e acrescenta que o resultado do pleito ‘ameaça a estabilidade’ na região.

Na França, o jornal ‘Libération’ fala de ‘fratura à italiana: uma esquerda claramente vitoriosa na Câmara e sem maioria no Senado, e o país se encontra de novo em uma situação frágil e ingovernável’.

O vespertino ‘Le Monde’ indica que a Itália se encontra em um ‘beco sem saída’ e ressalta que ‘o único vencedor verdadeiro é Beppe Grillo e seu Movimento 5 Estrelas’, que soube usar como arma de sedução ‘o sofrimento, a rejeição à classe política, a cólera contra a austeridade e a desconfiança com relação à Europa’.



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