Internacional

Ilha começa a esboçar ‘era pós-Castro’

CUBA


25/02/2013

A "era pós-Castro" começou a ser esboçada em Cuba, com a confirmação, no domingo (24), de que o presidente Raúl Castro deve deixar o cargo em 2018, provavelmente para seu "herdeiro político" Miguel Díaz-Canel, um homem de 52 de uma geração posterior à da Revolução Cubana.

"É histórico", disse o próprio Raúl, no domingo, na sessão inaugural do novo Parlamento, que concluiu com a nomeação de seu sucessor, que poderia assumir antes mesmo do fim do atual mandato.

Na sexta-feira (22), Raúl disse a jornalistas, em tom de brincadeira, que poderia sair antes mesmo.

"Vou renunciar. Já vou fazer 82 anos, tenho direito a me aposentar. Não acreditam?", disse brincando, durante encontro com o premiê da Rússia, Dimitri Medvedev.

É a primeira vez, desde a Revolução de 1959, que é designado um "número dois" do regime não saído das fileiras dos que combateram ao lado de Fidel Castro.

Raúl Castro havia sido o "número dois" de seu irmão Fidel, cinco anos mais velho, até o comandante ter abandonado o cargo, em julho de 2006, por questão de saúde.

Nomeado oficialmente em fevereiro de 2008 como presidente do Conselho de Estado, órgão executivo supremo, designou como número dois ao colega de armas José Ramón Machado Ventura, hoje com 82.

A nomeação de Miguel Días-Canel no posto de primeiro vice-presidente do Conselho de Estado marca "o início da era pós-Castro", disse a France Presse o analista cubano Arturo López-Levy, da Universidade de Denver, no Colorado.

"Ele se diferencia por três razões: sua idade, nascido após o triunfo revolucionário de 1959, e educado dentro do sistema; sua forma de acesso ao poder, passo a passo, dentro do aparato do partido, e não pela participaçãona luta revolucionária; e o fato de ser um civil com pouca experiência militar", disse.

Nascido em 20 de abril de 1960, Díaz-Canel, que é engenheiro eletrônico, é bastante discreto.

Militante da Juventude Comunista, foi primeiro-secretário do Partido Comunista na sua províncial natal, Villa Clara, no centro do país, e depois em Holguín, sudeste da ilha, antes de ser admitido entre os 15 membros do birô político do partido único em 2003.

Nomeado ministro de Educação Superior em 2009, ele se converteu em um dos oito vices do Conselho de Ministros em 2012, antes de entrar no Conselho de Estado, de 31 membros, logo no posto de número dois.

Ainda que a rota esteja traçada, isso não significa que Díaz-Canel vá suceder Raúl Castro. Outras figuras emergentes no regime nos anos 1990 chegaram a ser apontadas como possíveis sucessores, mas caíram em desgraça antes disso.

"Ninguém poderá governar Cuba como o fizeram Fidel Castro e Raúl Castro. Não contam com a legitimidade carismática que é a chave da liderança histórica, portanto será um período de provação, no qual terão de demonstrar a habilidade e a capacidade de levar adiante as reformas que se propõem e perfilar a Cuba do futuro", disse o politólogo cubano Carlos Azulgaray.


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