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5 dados que definem onde estão (e para onde vão) os BRICS

E para onde vão


15/07/2014



Começa oficialmente hoje em Fortaleza a 6ª Cúpula do fórum BRICS com Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Estarão presentes os governantes de todos os países do bloco: Dilma Rousseff, Vladimir Putin, Narendra Modi, Xi Jinping e Jacob Zuma, respectivamente.

Na pauta do encontro estão a criação de um banco de fomento com capital de US$ 50 bilhões e de um fundo de emergência de US$ 100 bilhões. O termo BRIC foi criado em 2001 por Jim O’Neill, na época presidente da Goldman Sachs Asset Management e atual professor da Universidade de Manchester, que aproveitou a similaridade com a palavra "brick" (tijolo, em inglês).

Investidores e economistas adoram acrônimos, mas raramente eles pegam como o BRIC, que virou símbolo da importância cada vez maior destes países – e dos emergentes em geral – para o crescimento e o comércio globais. Mais raro ainda é um agrupamento como esse se tornar um grupo político formal, como aconteceu com o BRIC, que começou a se encontrar em 2009 e virou BRICS no ano seguinte com a inclusão da África do Sul.

Após uma década de ganhos expressivos, os 5 países do bloco se encontram agora numa situação mais incerta e com grandes desafios internos e externos para enfrentar.

As perspectivas de crescimento do Brasil só pioram, a Rússia é alvo de sanções por causa da invasão da Crimeia e as expectativas são altas em relação ao novo presidente da Índia. Há apreensão sobre os limites do modelo da China e ao aumento da dívida na África do Sul.

Veja a seguir as diferenças entre os países do bloco e como isso afeta suas relações. As médias foram feitas considerando cada país com o mesmo peso: 

1. Tamanho

PIB 2013 (em bilhões)
Brasil US$ 2.245
Rússia US$ 2.096
Índia US$ 1.876
China US$ 9.240
África do Sul US$ 350
SOMA US$ 15.807

Somados, os BRICS são responsáveis por cerca de 21% do PIB mundial. A questão é que a economia chinesa é maior do que a de todos os outros quatro países do bloco somados.

A Índia temia que a China usasse seu peso para desbalancear o futuro banco de desenvolvimento a seu favor, e houve uma disputa para definir quem teria a sede (Xangai acabou levando).

O Banco Mundial anunciou recentemente que a China está prestes a se tornar a maior economia mundial em paridade de poder de compra, um título que o país encara com hesitação.

2. Pobreza

Taxa de pobreza (2009)
Brasil 6%
Rússia não disponível
Índia 33%
China 12%
África do Sul 14%
MÉDIA 16,2%

Na China, a taxa de pobreza extrema foi de 84% em 1981 para 12% em 2009. Na Índia, a queda foi de 60% para 33% no mesmo período.

Como estes dois países tem, somados, mais de um terço da população global, isso teve um impacto forte na taxa de pobreza global. Junto com a experiência brasileira, este foi um dos motivos que fizeram o mundo olhar para os BRICS.

3. Renda

PIB per capita (2013)
Brasil US$ 11.208
Rússia US$ 14.612
Índia US$ 1.499
China US$ 6.807
África do Sul US$ 6.618
MÉDIA US$ 8.148

Com populações e economias de tamanhos tão diferentes, é curioso que o nivel de renda seja muito próximo em 2 dos 5 BRICS. Quem se destaca é a Rússia e o Brasil, com as maiores rendas, e a Índia, com a menor.

4. Crescimento

Crescimento (média 2011-2013)
Brasil 2%
Rússia 3%
Índia 5,4%
China 8,2%
África do Sul 2,6%
MÉDIA 4,2%
A China já não cresce a taxas de dois dígitos como no passado, mas por enquanto tem atingido pelo menos as metas que se coloca.

A Índia também desacelerou recentemente, mas o mercado está otimista com a possibilidade de reformas com o novo presidente Narendra Modi.

No Brasil, o PIB brasileiro começou a crescer lentamente desde 2011 e continua tendo expectativas revistas para baixo. Na Rússia, as perspectivas eram boas antes da crise com a Ucrânia e das sanções. A África do Sul nunca chegou a ter um boom, e continua patinando.

5. Investimento

Taxa de investimento (% do PIB)
Brasil 18%
Rússia 23%
Índia 30%
China 49%
África do Sul 19%
MÉDIA 28%

Nesse sentido, a China precisa ficar um pouco mais como o Brasil, e o Brasil precisa ficar um pouco mais como a China.

Os chineses precisam passar gradualmente para um modelo menos baseado no investimento estatal e mais no consumo de seus 1,2 bilhão de habitantes, sob pena de inflar ainda mais uma bolha imobiliária que gera até cidades fantasma.

Já o Brasil precisa aumentar sua taxa de investimento historicamente baixa para tirar o atraso em infraestrutura e lançar um novo ciclo sustentável de crescimento sem gerar inflação.



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