Educação

44 mil professores trabalham em mais de uma escola no Piauí

ESTUDO


17/06/2013



 Dados da Sinopse Estatística da Educação Básica 2012, estudo feito pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) com base no Censo Escolar, mostram que 44.351 mil professores do Piauí trabalham em mais de uma escola. Em 2011, o número era ainda maior quando mais de 45 mil docentes de todas as redes de ensino davam aulas em duas ou mais instituições.

As justificativas para um profissional pedir transferência vão desde razões práticas, como a vontade de trabalhar perto de casa, até problemas graves, como condições de trabalho, violência ou ameaças. Existe ainda a aprovação em concurso público como um dos motivos de migração dos professores. Assim, as principais consequências da rotatividade são a queda na produtividade e mudanças de comportamento dos alunos.
 

De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Piauí (Sinte), Cássio Lages, há várias denúncias de professores relatando principalmente a situação de insegurança em salas de aula. Segundo ele as escolas ainda não dispõem de atendimento psicológico para profissionais e alunos e de um regimento que busque a integração dos pais com a instituição de ensino.

“No interior do estado muitas vezes o professor pede transferência devido a um problema de saúde e muitas vezes a cidade não dispõe de um atendimento médico adequado. O volume de transferências é relativo e varia dependendo de cada região, mas sabemos que essa é uma situação que prejudica a aprendizagem e rendimento do aluno”, avaliou Cássio.

A especialista Cristina Garbuio aponta que para os professores, assumir as aulas de uma turma no meio do período letivo causa insegurança pelo fato de receberem a responsabilidade de dar prosseguimento a um trabalho do qual, na maioria das vezes, não têm informações precisas.

“O processo avaliativo envolve o acompanhamento dos avanços na aprendizagem de cada aluno em observações diárias ao longo do ano letivo. Esses avanços estão ligados tanto à didática do professor, sua prática de sala de aula, quanto ao vínculo de afetividade estabelecido entre alunos e professor. Ao contrário do que se imagina, esse vínculo é importante ao longo de todo o período de escolaridade, não apenas nas turmas dos anos iniciais”, explicou Cristina Luiza Garbuio, supervisora pedagógica de matemática do Instituto Qualidade no Ensino (IQE).

Para a especialista, o retrato do professor vinculado a uma única escola, com um período diário remunerado destinado a estudos e preparação das aulas está longe da realidade brasileira. Segundo ela, todo o trabalho fica comprometido quando o educador leciona em mais de uma escola e tem muitas turmas sob sua responsabilidade.

“Na Coreia do Sul, por exemplo, país que está entre as primeiras colocações no PISA, o professor trabalha com regime de dedicação exclusiva e tem direito a quatro horas diárias para preparar suas aulas e atender os estudantes”, comentou Gaurbuio.

Longe de alcançar esse nível no sistema educacional, ela lembra, entretanto, que professores brasileiros se desdobram para cumprir jornadas impensáveis em outros países. Sob esse ponto de vista, Cristina Garbuio explica que docentes que lecionam em duas ou mais escolas podem e devem desenvolver vínculos de colaboração com seus grupos de trabalho, mesmo que sejam com menor frequência.



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