Brasil

Relação entre governo Bolsonaro e lideranças evangélicas tem feito crescer preconceito com setor

Escândalos envolvendo líderes evangélicos dentro do governo tem reforçado imagem negativa de parte da sociedade para com protestantes


27/03/2022

Isto É Dinheiro

Os “crentes”, como é chamada a parcela da população que professa a fé protestante no Brasil, é atualmente uma forma de se expressar que carrega uma parcela de preconceito e carrega conotações negativas que são associadas à população evangélica. Acusados de intolerantes, hipócritas e bitolados, os protestantes ligados a denominações neo-pentecostais veem o preconceito contra eles crescer na mesma medida que algumas lideranças religiosas se ligam intimamente ao governo do presidente Jair Bolsonaro.

O recente escândalo envolvendo o ministro da Educação, Milton Ribeiro, é mais um capítulo desta ligação entre governo e religiosos que vem deteriorando opinião popular acerca do grupo religioso.

A deterioração da fama do crente é de fácil compreensão. A conexão entre pastores e Bolsonaro é um troca-troca de interesses. De um lado, igrejas dão apoio ao presidente em cultos e encontros religiosos para unificar o aprisco da base eleitoral. De outro, ganham anistias bilionárias de impostos e cargos no governo.

O presidente Jair Bolsonaro não é – e nunca demonstrou ser – um cristão. Nem católico e nem muito menos evangélico. Não estende a mão para ajudar, nem para fazer o sinal da cruz ou para receber alguma bênção. Usa a mão para sinal de arminha. Seu culto à ignorância, sua postura boçal em praça pública, suas piadas que menosprezam minorias, seu desprezo à vida e sua forma indecente de governar o País comprovam que a máscara de crente, embora ainda convença multidões, não passa de uma fantasia mal elaborada.

Entre diversas denominações, a real face de Bolsonaro já está evidente. No ano passado, o “Manifesto da Coalizão Evangélica contra Bolsonaro”, assinado por 37 entidades religiosas, afirmou que o “bolsonarismo cria uma religiosidade mentirosa” e atacou a postura negacionista do presidente diante de uma tragédia que matou mais de 650 mil irmãos.

A mistura entre cristianismo e bolsonarismo será letal à reputação cristã. Muitos ainda não entenderam que o Brasil precisa se preservar como um Estado laico, e isso não significa ser um Estado ateu. Se ter fé é acreditar naquilo que não se vê, passou da hora dos evangélicos adotarem uma nova postura, baseada naquilo que todos nós temos visto. O slogan da campanha de Bolsonaro, “conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:32) parece ter sido uma profecia do Messias do Palácio do Planalto sobre seu próprio fim.



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