O deputado Raniery Paulino (PMDB) revelou, na tarde desta quinta-feira (01), que sofreu ameaças do governador Ricardo Coutinho (PSB) para não repercutir na Assembléia Legislativa da Paraíba (ALPB) as denúncias da Polícia Federal de que recursos do projeto Jampa Digital foram desviados para a campanha do governador em 2010.

Segundo Raniery, após o relatório da PF ser noticiado por toda mídia nacional e local, três deputados da base do governo, jornalistas, radialistas e um porta-voz do governador lhe procuraram para intimidá-lo. “Falando em nome do governador eles me disseram que era melhor eu ficar calado, não falar sobre o escândalo, pois o governador estava fomentando um dossiê, investigando minha vida pública e privada para inibir minha atuação na Assembleia”, revelou.

As declarações do deputado foram feitas durante sessão especial da Comissão de Constituição Justiça e Redação (CCJ) da ALPB para discutir o suposto envolvimento do procurador geral do Estado, Gilberto Carneiro, no esquema de irregularidades do projeto, criado para levar internet gratuita à população de João Pessoa (PB). Na época, Carneiro era secretário de Administração da Capital. Ele foi indiciado pela Polícia Federal

Carneiro foi convocado pela CCJ para prestar esclarecimentos a ALPB, mas não compareceu a sessão de hoje. Além do procurador, foram convidados o publicitário Duda Mendonça e dois empresários da Idéia Digital. Nenhum deles também compareceu.

Com relação à ausência do procurador, Raniery disse que já fez encaminhamento para que a CCJ solicite que a Procuradoria Jurídica da Casa de Epitácio Pessoa abra processo por crime de responsabilidade contra Gilberto Carneiro, por ele não ter atendido a convocação da AL. “O regimento prevê a convocação do procurador Geral do Estado e de secretários estaduais e a negativa de uma autoridade a convocação acarreta no processo de crime de responsabilidade”, explicou.

O deputado destacou que esta não é a primeira vez que Gilberto Carneiro desrespeita uma convocação da ALPB. “O poder Legislativo não pode ser desrespeitado. Ele não foi convidado e sim convocado, por isso tem a obrigação de vim a Assembleia, que tem sim competência para fiscalizar este escândalo e qualquer outro que envolva o nome do governador do Estado. Respeito o procurador Gilberto Carneiro, mas ele não é superior a Assembleia”, sustentou.