Economia & Negócios

Protestos impulsionam indústria do gás lacrimogêneo

Comércio


20/06/2013

 A expressão "não letal" aparece no nome e marca de muitas companhias. Mas o uso dessa expressão é contestado por especialistas e grupos defensores de direitos humanos, que também questionam a relação próxima entre a indústria, as forças militares e de segurança e governos, que permitiu que o uso do produto fosse se consolidando como arma repressiva favorita ao longo das últimas décadas.

Normalização

Na Primeira Guerra Mundial, o gás lacrimogêneo era classificado como arma química. Mas a partir daí, entrou um cena a força do lobby industrial-militar-governamental, como explicou Anna Feigenbaum.

"Por pressão dos governos e das corporações, mudou-se o nome de ‘arma química’ a ‘irritante químico’ ou ‘instrumento de controle de distúrbios’. Isso produziu uma normalização. O gás que começou a ser usado no ‘controle de multidões’ na década de 30 se generalizou a partir dos anos 60", disse.

Uma pesquisa pedida pelo governo britânico sobre o uso de gás lacrimogêneo no fim dos anos 1960 na Irlanda do Norte contribuiu de forma particularmente significativa para essa normalização.

A investigação concluiu que não havia perigo nem para mulheres grávidas, nem para idosos, uma afirmação duramente criticada pela Anistia Internacional e pela ONG Médicos pelos Direitos Humanos.

Ambas as organizações sustentam que não é preciso ser mais velho ou estar grávida para sentir efeitos "irreversíveis" dessas armas não letais. Entre as mortes mais recentes atribuídas ao uso de gás lacrimogêneo figuram a do adolescente Ali Al-Shiek Bahrain no ano passado e a do palestino Mustafa Tamini no final de 2011.

"Surpreende que, ao mesmo tempo em que os Estados Unidos aprovam o fornecimento de armas a rebeldes sírios por causa da suposta evidência de ataques químicos ordenados pelo governo de Assad, (os Estados Unidos) tolerem a exportação de gás lacrimogêneo. Nenhum governo deveria aprovar ou pagar pelo uso de armas químicas", disse à BBC Mundo Kimber Heinz, da ONG Liga dos Resistentes à Guerra.

 



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