Política

Presidente do PT/PB rebate tese de rompimento com Ricardo e crava: “se ele sair candidato a prefeito, vamos apoiá-lo”

Jackson Macêdo afirma que decisão cabe à Executiva Municipal, mas, segundo ele, “sentimento dos companheiros” é de fortalecimento do campo democrático popular de esquerda com Ricardo candidato a prefeito.


19/01/2020

Por Ângelo Medeiros



O domingo (19) amanheceu com matéria da Folha de S. Paulo afirmando que as acusações impostas contra o ex-governador Ricardo Coutinho (PSB) na denúncia formulada pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB), no âmbito da Operação Calvário, fragilizou a aliança entre o PT e o PSB no âmbito nacional e regional. No entanto, esse não é o pensamento do Partido dos Trabalhadores (PT) na Paraíba.

Em contato com a reportagem do Portal WSCOM, o presidente estadual da legenda, Jackson Macedo, confirmou que a legenda se mantém solidária ao “companheiro”, por tudo que Ricardo “fez e representou nos momentos mais difíceis do PT, a exemplo da prisão de Lula e impeachment de Dilma [Roussef]”.     

“Como Lula costuma dizer, Ricardo representa a esquerda dentro do PSB. Ademais, ninguém pode condenar ninguém por antecipação. Delação premiada não é prova, não é admissível que se aceitem gravações sem a prévia determinação judicial, e sem que o outro saiba que está sendo gravado. Sem provas. Não há como haver condenação”, afirmou.

Ainda de acordo com Jackson Macedo, o ex-governador Ricardo Coutinho tem uma importância muito grande dentro do campo democrático popular. Segundo ele, é tese vencida dentro do Partido dos Trabalhadores de que nas cidades onde existir um aliado melhor posicionado dentro desse agrupamento político de esquerda, o PT irá apoiá-lo nas eleições municipais deste ano.

O presidente do PT argumenta que, de certa forma, a Operação Calvário dá evidência a possibilidade de uma nova candidatura de Ricardo Coutinho a prefeito de João Pessoa, cidade que ele já governou duas vezes, tendo altos índices de aprovação. “Esta é a minha opinião, ainda não há nada, do ponto de vista eleitoral, que impeça o companheiro Ricardo de disputar a eleição municipal. Ele, que até então não afirmava que sairia candidato, pode perfeitamente entrar na disputa. Ninguém cospe no prato que comeu, se os outros partidos [do campo democrático popular] quiserem [se posicionar contra Ricardo], nós não o faremos”, comentou.

Contudo, o presidente estadual lembra que os rumos do PT em João Pessoa dependem, exclusivamente, da deliberação da Executiva Municipal da legenda, que tem a engenheira Giucélia Figueiredo como presidente. “Se ele sair candidato a prefeito de João Pessoa, não tenha dúvidas de que o PT irá apoiá-lo. É, claro, respeitando o posicionamento da Executiva Municipal da legenda, mas a tese que tenho ouvido dos companheiros dentro do partido é que temos que ser favorável a candidatura dele”, concluiu.  

ALIANÇA FRAGILIZADA

De acordo com matéria da Folha de S. Paulo, a possibilidade de retorno de Ricardo Coutinho à prisão, após o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Superior Tribunal de Justiça (STJ)  analisarem, em fevereiro, recursos da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra a liminar do ministro do STJ Napoleão Nunes Maia, que soltou o ex-governador um dia após a primeira detenção, em dezembro, poderá forçar a lideranças nacionais do Partido dos Trabalhadores (PT) a deliberarem pelo afastamento do ex-governador.

“O enfraquecimento de Coutinho cria obstáculos para Lula nas articulações com o PSB em razão das próprias disputas internas do partido socialista, avaliam lideranças petistas ouvidas pela Folha. Na prática, com o ex-governador paraibano fragilizado, há um clima de incerteza nas possíveis negociações eleitorais que Lula pretende conduzir em nível regional”, diz trecho da matéria.

EXPULSÃO DO PSB

Outra tese levantada pela matéria da Folha, é de que Ricardo Coutinho poderá vir a ser expulso do Partido Socialista Brasileiro (PSB), caso retorne a prisão.

“O PSB de Pernambuco, que só em 2018 voltou a se aliar com o PT, define, historicamente, os rumos do partido. Com a tormenta enfrentada por Ricardo Coutinho, passa a ter ainda mais força. A avaliação é de alguns integrantes do próprio PSB. Parte da sigla, ainda com ressentimentos do acordo construído com Lula a partir de Pernambuco no primeiro turno das eleições de 2018, pressiona a executiva do PSB para que o paraibano seja expulso o quanto antes”, diz a matéria.



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