Ex-diretora do CCJ/UFPB relata momento em que assumiu PT e a luta pró-Lula, agora diante de oposição ao bolsonarismo

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A professora universitária Maria Luiza Mayer Feitosa, ex-diretora do Centro de Ciências Jurídicas da UFPB, postou em sua conta no Facebook um relato de sua trajetória na condução de sua gestão levando o CCJ ao nível 5 no País e outras conquistas, mas chamou a atenção seu relato de que resolveu se filiar ao PT em 2014 no auge da crise política contra Lula, Dilma e o partido, por isso considera importante a retomada da Oposição real ao Bolsonarismo com as últimas decisões pró – Lula.

Segundo ela, “ver a narrativa política nacional ser reposicionada é muito importante. Não foram somente Lula, Dilma e os presos injustamente pela Lava Jato que sofreram”, disse para acrescentar:

– Claro, quando menciono os presos, refiro-me àqueles obrigados a delatar o texto que Moro e os Procuradores queriam ouvir. Há mensagens  de Dallagnol para Moro dizendo “fulano vai delatar isto”, assim como há mensagens internas mencionando que precisavam “validar” os depoimentos criados pela delegada Marena para não deixá-la em apuros”.

E acrescenta: “Certamente, terão existido prisões necessárias à condução regular da investigação, em meio aos abusos de Curitiba, mas a vontade de serem centro do universo judicial no país certamente contaminou o restante”.

Conforme aborda, “Ia dizendo que muita gente foi atingida. Em primeiro lugar,  reconheço que é preciso certeza da posição e coragem para se colocar contra a maré quando ela vira de lado”.

Disse mais: ” No meu caso, em 2014, eu era diretora do Centro de Ciências Jurídicas da UFPB, naturalmente, um campo considerado conservador e o contexto do desenrolar do protagonismo atribuído pela Lava Jato aos operadores do Direito, no Judiciário, Ministério Público e Polícia Federal. Não foram poucos os colegas que aderiram ao modus operandi da LJ, satisfeitos com os resultados alcançados no combate não à corrupção mas ao governo Dilma e à presença do PT na vida pública nacional. Os motivos da raiva eram os mais variados, não se descarte o ressentimento de classe, de uma “elite concursada”, muitos deles absolutamente convencidos de que simplesmente apoiavam a “luta contra a corrupção”.

RAIVA INEXPLICÁVEL – Ela lembra que “o passar do tempo mostrou, para eles mesmos e para nós, que o que os movia era uma raiva inexplicável contra a esquerda, igualmente uma pauta moral na qual se incluem fobias sociais, assim como certa vontade de potência. Corrupção? Balela. Hoje, não enxergam corrupção em mais nada. Quanto à sede de potência, Nietzsche explicaria melhor”.

Ela observa: “Em 2014, eu nem era petista, embora sempre tenha  me considerado agente progressista , desenvolvimentista e de centro-esquerda, por conhecer o meu lugar no mundo, por posicionamento ideológico e por convencimento científico. Afinal, possuo mestrado, doutorado e Pós-Doutorado em Ciências Jurídico-Econômicas e não falo por “achismos”.

E adianta ainda: “Naquele momento,  o que se indiciou acontecer ao país era algo parecido com o gérmen do nazifascismo e aquele cenário me acendeu as lanternas da alma. Ali, não havia nada a favor. Era tudo contra: o país, a democracia, os políticos, os médicos cubanos (coitados como sofreram), a Petrobras, o STF e o Estado. Não podia prestar isso! Pior é que parte da esquerda mais radical embarcou na onda e ajudou a puxar a corda. Por exemplo, eu comecei a ser contra as longas greves docentes anuais, que fragilizavam um governo já imerso em crises múltiplas, reais ou forjadas”.

APESAR DOS PESARES – Para ela, “os meus colegas docentes do CCJ, apesar de gostarem de mim e de respeitarem minha trajetória (de professora e de gestora), sentiam que eu não mais os representava. Refiro-me aos mais radicalizados no novo discurso, assim, saí de todos os grupos e redes sociais do CCJ e segui a vida. Registro que jamais fui gestora de posições ideológicas, jamais selecionei demandas, gosto de objetividade e de avanços. Meu vigor de gestora é alavancar os compromissos institucionais e as novidades e subir. No CCJ e na UFPB, sei que fiz muito e que dei o melhor de mim: subimos a 5 no conceito capes do PPGCJ, ampliamos o debate científico no CCJ, construímos e consolidamos a unidade de Santa Rita, reformamos e reorganizados os serviços no prédio antigo da Faculdade de Direito. Tudo no plural, incentivando a equipe. Depois, aceitei agradecida o convite da então reitora Margareth Diniz para assumir a PRPG, mas esta é outra história”.

CASO LULA – Conforme aborda, “bom, voltando ao relato. Quando a vida política nacional se complicou, próximo à prisão de Lula, pedi filiação ao PT. Pronto, endoidei de vez, para alguns. Como é que alguém como eu, com a minha formação e posição na gestão superior, podia ser tão cega? Para esse grupo, eu era alguém que apoiava a corrupção e tinha “bandido de estimação”. Não, queridos e queridas, o que eu tinha era visão e leitura histórica. Foi duro aguentar isso. Acrescento mais, ao tempo em que as coisas forem se ajustando à normalidade democrática, voltarei à minha modesta insignificância. Só não me digam que a volta de Lula ao cenário político não era necessária ou que, mesmo diante das provas da parcialidade judicial e da supressão dos princípios jurídicos mais elementares, os fins justificam os meios, porque aí vou comprovar sua condição perturbadora de fascista”.

Por fim, diz que “diante do cenário em que vivemos, a volta de uma oposição real e plausível a Bolsonaro e a  seus desmandos, por si, reposiciona o jogo democrático. Até a Globo pode se dar bem porque conseguiu o mote do contraponto na queda de braço com o governo. Cada um abra seu olho e jogue bem. No mais, feliz pela virada histórica e por mostrar o meu lugar de fala, desde sempre. Essa é a minha trincheira de luta. Sem mágoas”.

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