Cultura

OPINIÃO: Walter Santos analisa e realça a produção musical do Bancários como Vanguarda; quando tudo será mercado?


08/02/2020

Titah Moura canta no bar A Budega

Por Walter Santos

Quando empresários e lideranças políticas vão encarar nossa produção musical com decência e como mercado? Viva o Bancários, vanguarda!

Para Fernando Moura, aniversariante do sábado (8).

Houve um tempo em que, por pouco, Recife não teria de transformado em Capital nordestina da indústria discográfica com a fábrica da Rozemblit abrigando artistas para disputar com as multinacionais do Rio de Janeiro. Paulinho da Viola e o então Jorge Ben (antes do Jor) chegaram a discutir esta condição mas, tempos depois, uma grande chuva invadiu e destruiu a Rozemblit na Capital pernambucana.

Na Paraíba, nos anos 90 Belchior por pouco não tinha implantado estrutura de produção musical em João Pessoa, cujos recursos foram assegurados pela CINEP (Edvaldo Nóbrega e Giovani Meireles são testemunhas) e o BNB, mas o passivo do artista com vários problemas fiscais impediram a instalação.

Nesse mesmo tempo, quem também esteve em João Pessoa foi o inigualável Tim Maia. Lembro de uma ligação para mim de Giovani Meireles, então Secretário de Comunicação do Governo para colocar ao fone o referido artista anunciando interesse em montar uma estrutura de produção de música na Capital.

Não deu certo porque Tim não cuidava nem de sua vida, imagine com essa trabalheira.

BANCÁRIOS, VANGUARDA MUSICAL

Os bairros da Torre, Jaguaribe e Tambiá podem até se queixar com inveja, mas há pouco mais de 30 anos, o Bancários se transformou em ambiência de vanguarda na produção nos vários estilos da melhor música autoral de João Pessoa.

Os shows de TITAH MOURA e Gláucia Lima na Budega, quinta e sexta-feira, são retratos desta comprovada cena de abundância qualitativa da música autoral, felizmente longe da baboseira e remelexo do playlist ruim tocada nas rádios, à exceção da Tabajara e da emissora da Câmara de João Pessoa- neste último caso abrigando nossos artistas.

É isto mesmo. As rádios só tocam músicas de péssima qualidade e afeita ao modismo de tendências e estilos chororô com conteúdos a invocar só roedeiras, apelos eróticos e nada mais.

Felizmente, no Bancários a quantidade e  qualidade dos jovens e veteranos artistas supera a realidade de mau gosto e, ao contrário, reluzem a importância de um ambiente a merecer investimentos expressivos, como um dia pensaram Paulinho da Viola, Belchior e Tim Maia porque nossa cena já permite tamanha ousadia.

QUEM VAI ASSUMIR A PARADA?

O mesmo dir-se-ia dos organismos e lideranças públicas projetando no futuro próximo uma base de investimentos na economia criativa do Bancários, como na mesma dimensão de aporte investidor privado e público na economia criativa do Centro Histórico de João Pessoa.

É, ainda sonho o sonho sonhada da realidade a consolidar nova vocação econômica para a cidade.

UMAS & OUTRAS

…O Bar do Baiano virou ponto boêmio do bairro, mas Higia e seu companheiro consolidaram a vanguarda estética com a Budega.

… Há também o bar Recanto da Cevada, o restaurante da Feijoada nas Três Ruas, o Shopping Sul, o Habib’s sem contar a Praça da Paz, vanguarda das lutas culturais e sociais.

ÚLTIMA

“Lá vem a barca chamando o povo/ pra liberdade/ que se conquista…”



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