Tática de alto risco

O ex-prefeito Cícero Lucena resolveu, desde quando preso pela Policia Federal acusado de participar da Operação Confraria, concentrar toda a sua munição de defesa, a partir de acusação política contundente de que a CGU, Ministério Público Federal e a Policia Federal estariam atuando sob influência política, por contra da crise nacional.

Ao invés de se ater prioritariamente aos instrumentos legais de defesa no plano processual contábil-financeiro em que se encontra, foi instruído e quis construir de fora para dentro uma reação popular de apoio à sua pessoa, até hoje ainda distante de representar cumplicidade no nível pretendido.

Levando em conta os passos adotados pela defesa de Cícero até agora, a manobra nacional do PSDB e PFL de atribuir tudo à retaliação por conta do Mensalão, Correios, etc, no primeiro momento até esboçou reação macro, no Plenário e na TV, mas tem se esvaziado com o decorrer dos dias porque, concretamente, não há consistência real para confirmar o denunciado. Volto a insiste: o coitado do presidente Lula não tem nada a ver.

Depois, a insistência de ficar brigando com a CGU, Ministério Público Federal, TCU etc., gerou o efeito contrário porque, ao invés de recuarem, as instâncias estão agora determinadas a provar à sociedade de que a causa de todo o processo está, de fato, no desvio de recursos, através de mecanismos viciados.

Até agora de nada adiantou dizer, por exemplo, que o TCU deu aval nas operações, pois o desmentido se deu imediato, como ao que parece vai gerar novo desconforto com a afirmação pública de que a Caixa Econômica Federal avalizou e aprovou todas as operações e convênios constituídos. Aliás, se a CEF confirmar, Cícero está diante de um atenuante, embora sobrando para a Caixa o peso do aval.

Somente nesta terça-feira, entretanto, como contou ao Colunista o advogado Walter Agra, Cícero resolveu conduzir as coisas pelo plano mais eloqüente, enquanto defesa, que foi constituir Auditoria Independente para auxiliá-lo, com apoio jurídico, na sua defesa nas diversas instâncias em que está metido.

A rigor, sem ser preciso domínio denso sobre Contabilidade, o ex-prefeito precisa pegar cada um dos convênios e gerar, um a um, sua defesa convincente – com documentos – porque, no mais, é chover no molhado. Somente assim, de pouco adiantando discursos e gritos, ele poderá se safar desse complicado processo.

Até prova em contrário, Cícero se mantém na premissa de inocência, mas se não responder às verdades contáveis da época em que foi prefeito, certamente que poderá estar desmanchando um legado bonito num curto espaço de tempo.

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