Política

Observatório das Eleições 2022 estreia nessa quinta-feira (4), com cooperação de cientistas políticos e instituições de pesquisa


04/08/2022

Eliara Santana (Foto: reprodução)

Portal WSCOM



Estréia nessa quinta-feira (4) o Observatório das Eleições 2022. Iniciativa do Instituto da Democracia e da Democratização da Comunicação (INCT IDDC), o Observatório reúne especialistas de diversas áreas, como cientistas políticos, juristas, sociólogos e comunicólogos. Disponibilizará em seu site (www.observatoriodaseleicoes.com.br) artigos, vídeos, infográficos e outros formatos de conteúdos sobre as eleições, através de dados originais ou sistematizações de dados públicos.

Fruto da cooperação entre cientistas políticos e instituições de pesquisa de renome, o Observatório existe desde 2018 e oferece subsídio acadêmico e explicação pedagógica aos diferentes atores políticos, sociedade civil, comunidade universitária e imprensa para o debate sobre as questões centrais envolvidas no processo eleitoral.

Em sua terceira edição, pretende ampliar o alcance e impacto de suas análises. Durante as eleições municipais de 2020, foram produzidos cerca de 130 artigos sobre o processo eleitoral, escritos por mais de 60 professores e pesquisadores de todas as regiões do país e com inserção em diversas disciplinas e especialidades, configurando um conjunto de olhares múltiplos e plural para a análise das eleições municipais.

Em 2022, trará em primeira mão resultados das pesquisas inéditas A Cara da Democracia no Brasil, também iniciativa do INCT IDDC. Além disso, fará um levantamento de dados com foco em um monitoramento independente do papel das redes sociais e do sistema de justiça no resultado das eleições.

CONTEXTO E TEMAS DE DEBATE

As eleições de 2022 dão-se dentro de um contexto muito particular e polarizado. Ao que tudo indica, o Brasil terá, nas eleições de outubro, um enfrentamento entre o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por enquanto líder nas pesquisas de intenção de voto. Até o momento, as pesquisas não
indicam grandes intenções de voto em candidatos da chamada “terceira via”.

Mudanças eleitorais marcam as eleições de 2022. Seus efeitos no comportamento eleitoral e nos resultados deverão ser observados. Entre as mais significativas, as federações partidárias. Estas serão as primeiras eleições para deputado federal e estadual sem o funcionamento das coligações. A nova forma de aliança entre os partidos prevê um comprometimento de quatro anos e pode ter impacto nas dinâmicas a nível estadual, federal, e, inclusive, municipal em 2024.

Em paralelo aos debates eleitorais, a discussão sobre a legitimidade do voto eletrônico e do próprio sistema eleitoral brasileiro será parte importante da cena pública brasileira. Foram diversos os ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral. Apesar de em novembro de 2020 ele ter recuado e dito que “passou a acreditar no voto eletrônico”, a campanha pelo voto impresso, por ele protagonizada, segue sendo divulgada por seus apoiadores e se acentuou com o envolvimento das forças armadas no questionamento do sistema de apuração. É de se considerar ainda o apoio do presidente brasileiro à reivindicação de Donald Trump, sem provas, de que teria havido fraude na eleição presidencial estadunidense de 2020.

Sobram evidências de que, especialmente em caso de derrota do campo da ultradireita, é grande a possibilidade de ocorrer uma contestação dos resultados com o objetivo de colocar em xeque a posse do futuro presidente, estendendo o quadro eleitoral para além de outubro de 2022.

A desinformação deve ocupar um espaço central durante esse período. As chamadas fakenews, que se tornaram alvo de uma CPI do Senado e de um inquérito no STF, estão no alvo do TSE. Os disparos em massa, que teriam sido utilizados em 2018 e estão na mira da Justiça Eleitoral, devem ser coibidos, mas não há ainda segurança de como isso será regulado pelo Estado, da adesão das plataformas transnacionais aos eventuais regramentos nacionais e da efetivação desse controle. Ficam questões sobre o alcance da campanha “dissimulada e opaca” que ocorre abaixo do radar das autoridades no ambiente digital.

Gênero e raça também devem aparecer com força nessas eleições, tanto pelos debates sobre cotas para candidaturas de mulheres, mas também como essas questões permeiam debates eleitorais contemporâneos, seja via demandas da sociedade civil, seja nas atitudes de partidos e candidaturas. Outro ponto de destaque são os atores coletivos, isto é, grupos oriundos da sociedade que estão buscando atuar nas eleições, seja pelas vias institucionais – candidaturas próprias como as de indígenas e trabalhadores rurais -, seja pela pressão nas ruas e na internet, seja pelas alianças com candidaturas. Além dos coletivos da sociedade civil organizada, manteremos atenção a grupos que emergiram em anos recentes, como religiosos conservadores e caminhoneiros.

Por fim, debates sobre meio ambiente e agronegócio devem aparecer com força no debate eleitoral, especialmente considerando Amazônia e cerrado, mas não apenas eles. O Observatório estará atento ao financiamento de campanhas por parte de grandes empresas do setor agropecuário, mineração e demais atividades predatórias, assim como candidaturas com agenda ambiental relevante, de povos indígenas e demais povos tradicionais. O papel do tema ambiental nos debates entre candidatos a cargos majoritários, assim como manifestações políticas de empresários ligados ao agronegócio serão objeto de atenção especial, da mesma forma que o papel dos movimentos sociais de luta pela terra no contexto das eleições e as candidaturas ligadas à agricultura familiar.

EDITORIAS 2022

O Observatório organiza suas análises por meio de editorias. Nelas estão os temas centrais dados pelo contexto e que devem permear a produção de conteúdo. As editorias têm a sua frente pesquisadoras e pesquisadores referências em suas áreas, mas contam com colaborações de outros estudiosos e estudiosas, ampliando os olhares e perspectivas dos
envolvidos.

São elas:
● Editoria Justiça e Eleições
● Editoria Opinião Pública
● Editoria Gênero e Raça
● Editoria Desinformação e Redes
● Editoria Atores coletivos
● Editoria Legislativo
● Editoria Meio Ambiente
● Editoria Estaduais
● Editoria Geral



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