O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, continuará com seu plano de pedir ao Congresso que aprove o uso de força militar na Síria, apesar de a Síria ter aceitado uma proposta russa para entregar o controle de armas químicas, disse o porta-voz da Casa Branca Jay Carney nesta terça-feira (10).
“O que o presidente disse ontem à noite reflete onde estamos nesta manhã: vemos o ocorrido como um potencial desenvolvimento positivo e vemos isso como um resultado claro da pressão imposta sobre a Síria”, disse Carney à rede MSNBC, quando perguntado sobre a reação da Casa Branca aos novos relatos de que a Síria cederá o controle de seu arsenal químico.
A Casa Branca quer verificar se a Síria leva a proposta a sério, sendo assim, Obama visitará o Congresso hoje para pedir a parlamentares que autorizem ataques militares limitados contra a Síria.
Além disso, Obama vai fazer um pronunciamento à nação hoje à noite sobre o tema, disse Carney.
Ontem, Obama disse a vários meios de comunicação que poderia abrir mão do ataque à Síria, caso o regime de Bashar al Assad ceda o controle de seu arsenal químico.
Com as declarações de Carney, a Casa Branca se esforça para manter de pé a alternativa de um ataque à Síria, proposta inicialmente apresentada por Obama para punir Assad pelo suposto ataque químico de 21 de agosto.
Isso ocorre porque a Casa Branca teme que o plano russo seja uma distração para ganhar tempo, já que os navios americanos estão prontos para lançar mísseis contra alvos sírios.
Além disso, há suspeitas sobre as motivações russas, já que a relação entre Moscou e Washington atingiu um nível de tensão próximo ao vivido na Guerra Fria.
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Mas a velocidade com que Obama aceitou a proposta russa, ontem, dá uma ideia de seu isolamento, num momento em que diminui o apoio do Congresso americano a uma ação militar. Apesar disso, Washington tenta mostrar que o apelo de Obama a uma ação militar foi o catalizador da proposta russa.
A ideia da Rússia, saudada pela ONU e por vários países — incluindo a Síria – levou ao adiamento da votação prevista para quarta-feira (11) no Senado americano sobre o plano de Obama de realizar ataques limitados.
Síria aceita plano. Damasco bombardeada
A Síria aceitou nesta terça-feira a proposta russa para abrir mão de suas armas químicas e ser poupada de um ataque norte-americano. Também hoje, aviões do governo bombardearam posições rebeldes em Damasco, algo que não ocorria desde que Washington passou a fazer ameaças.
Em visita a Moscou, o chanceler sírio, Walid al Moualem, disse que seu país concorda com a iniciativa russa, porque “elimina os motivos para uma agressão norte-americana”, segundo relato da agência local de notícias Interfax.
A França disse que vai apresentar ao Conselho de Segurança da ONU uma resolução prevendo a entrega do arsenal químico sírio, e ameaçando consequências “extremamente sérias” se Damasco violar as condições do acordo.
Os rebeldes sírios reagiram com perplexidade à proposta russa, já que esperavam finalmente receber apoio militar ocidental para derrubar Assad.
“É um truque barato para dar ao regime mais tempo para matar cada vez mais pessoas”, disse o ativista que se identificou como Sami, em Erbin, um subúrbio de Damasco atingido pelo suposto ataque químico.
Enquanto o processo diplomático se desenrola em capitais distantes, aviões de Assad bombardearam na terça-feira bairros rebeldes da capital pela primeira vez desde o suposto ataque com gás em 21 de agosto. Rebeldes disseram que os bombardeios foram uma demonstração de que o governo considera ter vencido a queda de braço com o Ocidente.
“Ao mandar os aviões de volta, o regime está passando um recado de que não sente mais a pressão internacional”, disse o ativista Wasim al Ahmad, no bairro de Mouadamiya, outro alvo do suposto ataque químico de agosto.
