O cantor e compositor Nando Reis, aos 60 anos, retorna aos palcos com os Titãs após seis anos de abstinência do álcool. A carreira do músico, marcada por grandes sucessos e parcerias, também foi ofuscada por uma luta interna contra a dependência do álcool e da cocaína, como revelado em depoimento à jornalista Lia Hama, do podcast “Lugar de Sonho”. A íntegra da entrevista está disponível na Revista Piauí.

Nando Reis descreveu o início da sua relação com o álcool, que começou na adolescência e se transformou, ao longo do tempo, em um uso abusivo e uma dependência. “Comecei a beber aos 13 anos de idade e só parei aos 53. Foram décadas de consumo pesado e, com o passar do tempo, associado à cocaína”, confessou o artista.

Ele refletiu sobre a falsa crença de que o álcool trazia espontaneidade, quando, na verdade, resultava em artificialidade e distorção. “O álcool era um escudo entre mim e a realidade. Era como uma catarata que vai criando uma opacidade no cristalino”, comparou Nando.

A dependência do álcool e da cocaína teve impacto em várias áreas de sua vida, inclusive na relação com a banda Titãs, da qual fez parte desde a sua fundação em 1982 até sua saída em 2002. O uso abusivo dessas substâncias afetou sua segurança e autoestima no meio artístico, tornando-o vulnerável às pressões do ambiente. “Tinha dificuldade de lidar com a hostilidade, a competitividade e a inveja no ambiente em que atuo. Esses sentimentos faziam com que eu me visse ameaçado – e o álcool atenuava essa angústia”, revelou.

Contudo, em 6 de outubro de 2016, um momento crucial marcou o início da sua recuperação. Nando Reis falou sobre o show que faria ao lado de Gilberto Gil em Brasília. Ele sabia que, se subisse ao palco alcoolizado, isso destruiria sua carreira. Foi nesse instante que encontrou a motivação para parar de beber e não teve mais recaídas desde então.

Brasil 247