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MP vai recorrer contra liberdade de médica acusada de mortes em UTI


21/03/2013



  Ministério Público do Paraná (MP-PR) informou, na noite de quarta-feira (20), que vai recorrer da decisão da Justiça que concedeu liberdade para médica Virgínia Soares de Souza, acusada de provocar mortes dentro da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) geral do Hospital Evangélico. Ela era chefe do setor e estava presa desde o dia 19 de fevereiro.

Virgínia deixou a prisão na tarde de quarta-feira acompanhada do advogado de defesa, Elias Mattar Assad, e não concedeu entrevistas. Ela nega as acusações.

Apesar de informar sobre o recurso o MP afirmou que, até as 9h desta quinta-feira (21), não havia protocolado nenhum documento oficial.

O advogado Assad disse ao G1 que Virgínia foi recebida pelo filho na casa onde mora, no bairro Champagnat. "Foi emocionante. Ele entregou um buquê de flores do campo e os dois se abraçaram e choraram muito". O advogado contou também sobre um dos primeiros desejos dela após a liberdade. "Ela disse que estava com muita saudade de um casal de cachorrinhos que vive na casa e que não via a hora deles pularem no colo dela", acrescentou.

De acordo com o MP, a médica Virgínia e mais sete pessoas foram denunciadas por homicídio com duas qualificações e formação de quadrilha. O processo tem como base uma investigação do Núcleo de Repressão aos Crimes contra a Saúde (Nucrisa) que assim que se tornou pública e provocou uma série de denúncias de ex-funcionários do hospital e de familiares de pacientes.

A Justiça aceitou a denúncia na sexta-feira (15) e decretou segredo judicial sobre o caso.

A ex-chefe da UTI foi denunciada pelo MP por coautoria em sete homicídios duplamente qualificados, o médico Anderson de Freitas, em dois homicídios duplamente qualificados e formação de quadrilha, os médicos Edison Anselmo da Silva Junior e Maria Israela Cortez Boccato, cada qual por um homicídio duplamente qualificado e formação de quadrilha, as enfermeiras Laís da Rosa Groff e Patrícia Cristina de Goveia Ribeiro, por um homicídio duplamente qualificado e formação de quadrilha, e a fisioterapeuta Carmencita Emília Minozzo e o enfermeiro Claudinei Machado Nunes por formação de quadrilha. Todos negam os crimes.

Sobre o recurso anunciado pelo MP, Elias Mattar Assad disse que acredita que "eles não terão sucesso". "Isso por duas razões, a primeira é porque a decisão da liberdade foi muito bem fundamentada e a segunda pelo fato de não existir no ordenamento jurídico um ‘habeas corpus às avessas’".

Ele explica que o próximo passo agora será a tentativa de acompanhar Virgínia para uma conversa com representantes do Conselho Regional de Medicina (CRM). "Eu formulei um pedido para que ela seja possa ser ouvida pelos médicos. Eu quero que essas pessoas, que são da mesma área que ela, possam escutar o que ela tem a dizer", ressalta.

A médica foi impedida de exercer a medicina intensiva por um prazo indeterminado, segundo o advogado.



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