Saúde

Ministério da Saúde propõe usar vacina da Pfizer como terceira dose contra Covid-19

Expectativa é de que imunizante reforce efeito no sistema imune gerado por doses anteriores


28/08/2021

Foto: Reuters/Carlos Osorio

CNN Brasil

Na última quarta-feira (25) o Ministério da Saúde anunciou o planejamento para a aplicação da terceira dose de imunizantes contra Covid-19 na população brasileira. A ideia do Ministério é que a vacina da Pfizer seja utilizada preferencialmente para a aplicação desta terceira dose. Com início previsto para a segunda quinzena de setembro terá como público alvo inicial pessoas de 70 anos ou mais que tenham recebido a segundo dose há pelo menos seis meses  e indivíduos imunossuprimidos que foram vacinados há 28 dias.

A decisão por priorizar a Pfizer foi feita em acordo do Ministério da Saúde com especialistas do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) e da Câmara Técnica Assessora de Imunização Covid-19 (CETAI).

O infectologista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Júlio Croda, considera que a Coronavac não é uma boa opção como terceira dose, principalmente para o público de idosos e imunossuprimidos. Segundo Croda, a vacina gera uma resposta menor nesses grupos devido aos fatores próprios do sistema imune.

“Ela gera uma resposta menor associada à imunossenescência [envelhecimento do sistema imunológico] e à dificuldade de o sistema imune montar uma reposta de anticorpo neutralizante celular”, explica. “Então ela já gera menos resposta imune comparativamente com as outras vacinas, principalmente em idosos, e isso se reflete nos dados de efetividade que vem demonstrando”, completa.

O diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, membro da câmara técnica, participou das discussões junto ao Ministério da Saúde. “O conjunto de evidências disponível hoje na literatura aponta para uma melhor resposta da Pfizer, tanto celular quanto humoral [produção de anticorpos], nas doses primária ou de reforço para pessoas mais velhas ou imunocomprometidas. A vacina da Pfizer tem um perfil de resposta melhor, é indiscutivelmente a vacina preferível”, disse Renato.

A opinião também é compartilhada pelo presidente do Comitê Científico da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI), João Viola. “A melhor estratégia nesse momento é não usar a Coronavac. A proposta do PNI de usar a Pfizer ou a AstraZeneca está correta. A Coronavac cumpriu seu papel importante no início da vacinação, dando o acesso à vacina. Mas, nesse momento o mais acertado é ir para outros imunizantes”, disse.

O especialista destaca dois fatores como motivos para a priorização da Pfizer ou da AstraZeneca. “A Coronavac consegue manter títulos [de anticorpos] e proteção razoáveis, mas ela vem caindo ao longo do tempo, principalmente em idosos. Além disso, a troca de vacinas tem dado bons resultados no exterior, já têm alguns estudos sugerindo isso. Então, acho que a Pfizer e a AstraZeneca seriam mais acertadas nesse momento”, disse.



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