Política

Miliciano Adriano da Nóbrega deu R$ 80 mil para Queiroz pagar cirurgia


13/11/2020

Brasil 247

Morto em fevereiro deste ano durante uma ação da polícia militar na Bahia, o miliciano Adriano da Nóbrega teria dado R$ 80 mil a Fabrício Queiroz, para que o ex-assessor do atual senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) pagasse em dinheiro os R$ 135 mil da cirurgia para retirada de um câncer no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. A informação foi publicada nesta sexta-feira (13) pelo jornalista Daniel Pereira, de Veja.

De acordo com o ex-capitão do Bope, que comandava o Escritório do Crime, grupo de matadores profissionais, teria mandado um funcionário entregar a quantia diretamente nas mãos de Queiroz, que empregou a mãe do policial, Raimunda Veras, e a ex-esposa Danielle da Nóbrega no esquema de corrupção no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), onde o parlamentar cumpria mandato antes de ser eleito para o Senado. O Ministério Público do Rio (MP-RJ) apontou que Adriano fazia parte do esquema da rachadinha.

Lotada no gabinete do filho de Jair Bolsonaro, Danielle recebeu R$ 776.343 no total e devolveu 21,38% desse valor, de acordo com as investigações. O percentual fica bem abaixo das outras funcionárias fantasmas que participavam da “rachadinha”, pois Queiroz tinha um acordo com Adriano. O ex-capitão queria um trabalho “formal” para a ex-esposa e repassava a diferença a Queiroz em dinheiro vivo, com recursos provenientes de seu faturamento no mundo do crime, que girava em torno de R$ 250 mil a R$ 350 mil por mês.

Raimunda, e a esposa de Queiroz, Márcia de Aguiar, tiveram uma reunião com o advogado Luis Botto Maia, para discutir uma forma de chantagear o então governador do Rio, Wilson Witzel, atualmente afastado do cargo. O objetivo seria convencê-lo a interromper as investigações sobre a rachadinha.

Queiroz foi preso no dia 18 de junho em Atibaia (SP), onde estava escondido em um imóvel que pertence a Frederick Wassef, então advogado de Flávio – depois ele deixou a defesa do parlamentar.

Escritório do Crime e o caso Marielle

A milícia Escritório do Crime é suspeita de envolvimento com o assassinato da então vereadora Marielle Franco (PSOL), em 14 de março de 2018. O próprio Flávio Bolsonaro já havia feito homenagens ao ex-capitão – bem antes do homicídio. Morta pelo crime organizado, Marielle denunciava a truculência policial contra negros e pobres, e alertava para a atuação de milícias nas periferias.

Um pescador afirmou ao MPRJ que um homem jogou armas longas, incluindo um fuzil, no mar da Barra da Tijuca, no dia 14 de março de 2019, quando a então vereadora foi assassinada. De acordo com o MP-RJ, o homem responsável por arremessar os revólveres é Josinaldo Lucas Freitas, o Djaca, um dos presos no âmbito das investigações sobre o crime.

Em março do ano passado foram presos dois suspeitos de serem os assassinos de Marielle: o policial militar reformado Ronnie Lessa e o ex-militar Élcio Vieira de Queiroz. O primeiro é acusado de ter feito os disparos e o segundo de dirigir o carro que perseguiu a parlamentar.

Lessa morava no mesmo condomínio de Bolsonaro. Élcio Vieira de Queiroz, de 46 anos havia postado no Facebook



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