Televisão
Larry King, lenda da televisão americana, morre aos 87 anos
Presidentes, celebridades e pessoas comuns foram entrevistados por King, que era sempre direto em suas perguntas; ele estava internado desde o início do mês por conta de complicações da Covid-19.
23/01/2021
G1
O apresentador de TV dos Estados Unidos Larry King morreu, neste sábado (23), aos 87 anos. King comandava um tradicional programa de entrevistas na CNN americana há mais de duas décadas.
“É com profundo pesar que a Ora Media anuncia a morte de nosso co-fundador, apresentador e amigo Larry King, que morreu nesta manhã aos 87 anos no Centro Médico Cedros Sinai de Los Angeles”, diz um comunicado publicado em seu perfil oficial no Twitter.
Larry King com os filhos Chance e Cannon, em foto de 26 de novembro de 2020 — Foto: Larry King/Twitter
Com mais de 60 anos de carreira, King começou sua trajetória profissional como locutor esportivo em uma rádio local no estado da Flórida em 1957.
“Larry sempre viu seus entrevistados como verdadeiras estrelas de seus programas, e ele mesmo como um canal imparcial entre o convidado e o público”, disse sua produtora, Ora Media, em um comunicado.
Dalai Lama, Elizabeth Taylor, Mikhail Gorbachev, Barack Obama, Bill Gates e Lady Gaga são alguns dos muitos que já se sentaram à famosa mesa do seu talk show.
Larry King em programa de rádio em 1º de maio de 1957 — Foto: Divulgação
“Se ele estava entrevistando um presidente dos EUA, líder estrangeiro, celebridade, personagem cheia de escândalos, ou um homem comum, Larry gostava de fazer perguntas curtas, diretas e descomplicadas.”
Foram mais de 50 mil entrevistas transmitidas, segundo uma estimativa feita pela agência de notícias Associated Press.
“As entrevistas de Larry em seus 25 anos de ‘Larry King Live’, ‘Larry King Now’ e ‘Politicking with Larry King’ são referência para os meios de comunicação de todo o mundo e fazem parte do registro histórico do final do século 20 e início do século 21”, disse a Ora Media.
O ex-presidente Bill Clinton em entrevista com Larry King na CNN em Nova York em 3 de setembro de 2002 — Foto: Reuters
Em 1995, ele foi o convidado para presidir uma conferência sobre a paz no Oriente Médio com a presença dos então líderes palestino e israelense Yasser Arafat e Yitzhak Rabin.
Pouco convencional, King dizia nunca se preparar para fazer uma entrevista. Se o convidado fosse um autor, que iria divulgar uma nova publicação, apenas perguntava: “sobre o que fala o livro?”. Ele, que evitava parecer intelectual demais, dizia ser apenas “um cara curioso que faz perguntas”.
Em um livro de memórias, King disse que “há muitos entrevistadores que recitam três minutos de fatos antes de fazer uma pergunta. Parece que querem dizer ‘vejam como sou inteligente’. Eu acho que é o convidado quem tem que ser o especialista”.
O então candidato à presidente dos EUA George W. Bush participa de debate com Larry King, Alan Keyes e John McCain em 15 de fevereiro de 2000 — Foto: Reuters
O apresentador, que não se identificava como jornalista, foi responsável pela cobertura – em tempo real – da perseguição policial ao carro do jogador de futebol americano O.J. Simpson, que era suspeito de ter matado sua ex-mulher Nicole Brown.
Por meses seu programa deu espaço para os advogados de defesa e acusação. Quando Simpson foi inocentado, a primeira entrevista que ele concedeu em liberdade foi a King por sua “cobertura limpa e imparcial”.
King não era muito dado para confrontos e raramente fazia perguntas difíceis ou técnicas para importantes figuras políticas, mas sempre que possível, ele dava pequenas alfinetadas para estimular seus convidados a dizerem coisas interessantes sobre si mesmos.
Para o ex-presidente Richard Nixon, ele perguntou uma vez: “Quando você dirige pela ponte Watergate, você se sente estranho?”. O republicano havia renunciado depois de denúncias de corrupção durante seu mandato que ficaram conhecidas como o Caso Watergate.
Larry King entrevista Dalai Lama — Foto: CNN
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