Política

Governo Federal justifica gastos com leite condensado e chicletes: “potencial energético” e “higiene bucal”


28/01/2021

(Imagem: Fotomontagem WSCOM)

Portal WSCOM com Congresso em Foco

Mais de um dia após a divulgação pelo portal Metrópoles de que o governo federal gastou mais de R$ 17 milhões em alimentos como leite condensado e chicletes, o Ministério da Defesa divulgou uma nota na tentativa de explicar os gastos.

De acordo com o portal, dados do Ministério da Economia revelam que em 2020 o governo federal gastou R$ 1,8 bilhão em alimentos, valor 20% maior do que o registrado em 2019.

A explicação sobre os valores veio do Ministério da Defesa porque, segundo a Economia, a maior parte das despesas são com a alimentação das tropas das Forças Armadas em atividade.

A lista de compras é longa, diversa e também inclui legumes, verduras, carne, mas também geleia de mocotó, chantilly, batata frita, bacon defumado, etc.

Apesar da série de guloseimas na lista, o Ministério da Defesa diz ser responsável pela promoção da saúde e de uma alimentação nutricionalmente balanceada às Forças Armadas.

“O leite condensado é um dos itens que compõem a alimentação por seu potencial energético. Eventualmente, pode ser usado em substituição ao leite […] De acordo com o IBGE, o brasileiro consome em média 5,6 gramas de doce à base de leite por dia. Por se tratar de um contingente eminentemente jovem, o consumo, eventualmente, pode ser até um pouco superior”.

Ao justificar os mais de R$ 2 milhões gastos em chicletes, o ministério diz que a goma de mascar “ajuda na higiene bucal das tropas, quando na impossibilidade de escovação apropriada, como também é utilizada para aliviar as variações de pressão durante a atividade aérea”.

Após a divulgação da nota pelo Ministério da Defesa, o governo federal soltou mais uma explicação, desta vez assinada também pelas pastas da Comunicação Social (Secom), Educação e pela Controladoria-Geral da União (CGU).

De acordo com a Secom, os dados foram divulgados de forma descontextualizada pela imprensa dando margem para interpretações “errôneas” por parte da opinião pública. O governo afirma que a diversidade de insumos listada pela reportagem abastece não apenas as Forças Armadas, mas também centros de ensino e hospitais.

Na nota, o governo federal diz também ter identificado “uma aparente incongruência nos gastos, decorrente de falhas técnico-operacionais no preenchimento dos formulários e no tagueamento das despesas, o que elevaria, equivocadamente, os valores apresentados pela plataforma ComprasNet”.

Defesa diz que leite condensado é para dar energia a militares; chiclete, para a higiene bucal
(Foto: Marcos Correa / PR)

Leia a íntegra da nota do Ministério da Defesa:

O Ministério da Defesa (MD) informa que as Forças Armadas devem, por lei, prover alimentação aos militares em atividade. Ao contrário dos civis, os militares não recebem qualquer auxílio alimentação.

O efetivo de militares da ativa é de 370 mil homens e mulheres, que diariamente realizam suas refeições, em 1.600 organizações militares espalhadas por todo o País.

O valor da etapa comum de alimentação, desde 2017, é de R$ 9,00 (nove reais) por dia, por militar. Com esses recursos são adquiridos os gêneros alimentícios necessários para as refeições diárias (café da manhã, almoço e jantar). Esse valor não é reajustado há três anos.

As Forças Armadas têm a responsabilidade de promover a saúde da tropa por meio de uma alimentação nutricionalmente balanceada, em quantidade e qualidade adequadas, composta por diferentes itens.

O leite condensado é um dos itens que compõem a alimentação por seu potencial energético. Eventualmente, pode ser usado em substituição ao leite. Ressalta-se que a conservação do produto é superior à do leite fresco, que demanda armazenamento e transporte protegido de altas temperaturas. De acordo com o IBGE, o brasileiro consome em média 5,6 gramas de doce à base de leite por dia. Por se tratar de um contingente eminentemente jovem, o consumo, eventualmente, pode ser até um pouco superior.

No que se refere a gomas de mascar, o produto ajuda na higiene bucal das tropas, quando na impossibilidade de escovação apropriada, como também é utilizado para aliviar as variações de pressão durante a atividade aérea.

Salienta-se ainda que, em 2020, as Forças Armadas mantiveram plenamente suas atividades, uma vez que a defesa do País e a segurança das fronteiras marítima, terrestre e aérea, bem como o treinamento e o preparo, são essenciais e não foram interrompidas. As Operações Covid-19 e Verde Brasil 2 demandaram um enorme esforço das tropas diuturnamente. Só no combate à pandemia, mais de 34 mil militares atuaram diariamente em todo o território nacional.

Em suma, considerando o efetivo das Forças Armadas, é natural que os totais de gêneros, quando somados, apresentem valores compatíveis com sua missão e tarefas.

Leia a íntegra da nota da Secom:

Em relação à execução financeira com gêneros alimentícios em 2020, o Governo Federal repudia a desinformação causada por alguns veículos da imprensa, que divulgaram dados dos portais de transparência e controle do Executivo sem os cuidados necessários de análise, aplicação e contexto.

Tal ação, ao induzir a população à interpretação errônea das informações, é um desserviço ao Brasil e à democracia e, principalmente, não condiz com a real atuação do Governo a favor da economicidade, da responsável aplicação dos gastos públicos e, ainda, da grande preocupação com a transparência.

Além disso, a forma como os dados foram expostos demonstram o desconhecimento em relação à diversidade da aplicação dos recursos em gêneros alimentícios que atendem as tropas do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, que contam com cerca de 370 mil militares que recebem quatro refeições diárias; a Rede Federal de Ensino Superior, composta por 69 universidades e 281 campi que possuem restaurantes universitários; além do Hospitais Universitários, entre outros destinatários.

Por isso, é importante pontuar:

1. O Governo Federal preza pela transparência de dados de contratações públicas, utilizando sistemas e ferramentas que auxiliam a população a acompanhar os recursos investidos.

2. Os valores constantes nos sistemas e planilhas no Siasg/Comprasnet, Siagi e Portal da Transparência fazem referência à aquisição de produtos e serviços relacionados a todos os ministérios, autarquias e estatais, além dos valores relativos a programas assistenciais e operações como a Acolhida, Covid-19 e Verde Brasil.

3. A Secretaria de Gestão do Ministério da Economia identificou uma aparente incongruência nos gastos, decorrente de falhas técnico-operacionais no preenchimento dos formulários e no tagueamento das despesas, o que elevaria, equivocadamente, os valores apresentados pela plataforma ComprasNet.

4. Todos os dados merecem uma análise contextual quanto a sua natureza e quanto aos valores apresentados quando da consulta, do contrário podem trazer consigo distorções como contagens duplicadas, apropriação de um valor de nota fiscal com muitos produtos para apenas um item alimentício, dentre outras. Por isso, após identificação das incongruências, o presidente da República determinou que fosse feita uma varredura no sistema e que os técnicos apontassem melhorias operacionais para aumentar a transparência e compromisso desta gestão.

5. A utilização dos dados gerados por parte da imprensa fica enormemente prejudicada quando a intenção é atacar o Governo. Em caso de dúvidas, e isso é o recomendado, a imprensa deve consultar as fontes primárias produtoras destes insumos informacionais para uma melhor compreensão das informações, produzindo assim conteúdo informativo à população e não algo eivado de más intenções.

6. Ao analisar a lista de gêneros alimentícios do ano de 2020, é possível identificar produtos como carne bovina, legume in natura, fruta in natura, verdura in natura, suco e carne de ave. São esses os gêneros alimentícios básicos da alimentação do brasileiro e que também compõem as refeições diárias de tropas militares e de diversos públicos atendidos pelo Governo, conforme mencionado anteriormente.

7. No contexto do Ministério da Educação, em várias universidades e seus respectivos campi, restaurantes universitários servem refeições para a comunidade de discentes, docentes e servidores. O mesmo se aplica à Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, composta por 41 instituições, sendo 38 Institutos Federais, 2 Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefets) e o Colégio Pedro II.

8. Os gêneros alimentícios também abastecem os hospitais universitários, destinados à alimentação de pacientes, profissionais de saúde e colaboradores, sendo regulamentado o fornecimento de refeições. A rede é formada por 50 hospitais vinculados a universidades federais, e destes, 5 são maternidades. Em 2020, essas unidades foram responsáveis por mais de 4 milhões de atendimentos, entre consultas, exames e cirurgias.

Portanto, a lista de gêneros alimentícios vista de forma isolada, sem contextualização, dá margem à má interpretação e conduz a opinião pública, de forma errônea, em direção oposta à real e transparente utilização dos insumos publicitados.

Vale ressaltar que o Governo Federal, por meio da Controladoria-Geral da União e do Ministério da Economia, também atua com forte compromisso na manutenção e aperfeiçoamento de seus sistemas informacionais.

Por isso, é necessário registrar que desde a noite de ontem o Portal da Transparência tem apresentado instabilidades, devido ao alto volume de acessos. Só nesta terça-feira (26), foram mais de 123 mil acessos em contraponto aos 6 mil de segunda-feira, por exemplo.

Por fim, o Governo Federal ratifica seu compromisso com os princípios da responsabilidade, da transparência e da racionalidade nos gastos públicos.

Secretaria Especial de Comunicação Social/MCom
Controladoria-Geral da União
Ministério da Educação
Ministério da Defesa



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